Ata do Copom Vem Mais Dura Que o Esperado e BC Alerta para Riscos Que Podem Pressionar a Selic

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo. Documento contraria percepção de analistas sobre abrandamento da autarquia quanto à inflação O post Ata do Copom Vem Mais Dura Que o Esperado e BC Alerta para Riscos Que Podem Pressionar a Selic apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Fev 4, 2025 - 16:53
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Ata do Copom Vem Mais Dura Que o Esperado e BC Alerta para Riscos Que Podem Pressionar a Selic

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

 

 

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) mostrou que o Banco Central elencou a desancoragem das expectativas de inflação, o grau de sobreaquecimento da economia e o impacto de políticas econômicas sobre o câmbio como riscos relevantes para o debate de política monetária.

No documento, a autarquia apontou que, ainda que parte dos riscos de alta para os preços à frente tenha se materializado, o Comitê julgou que eles seguem presentes.

“Um tema de risco recorrente no debate do Comitê tem sido a desancoragem das expectativas de inflação, inclusive para prazos longos”, disse o BC no documento divulgado nesta terça-feira (4).

“Outro risco bastante presente é com relação ao grau de sobreaquecimento da economia, em particular, seus efeitos sobre a inflação de serviços. Há também um risco à alta da inflação relativo à condução de políticas econômicas interna e externa, com impacto primordial por meio da taxa de câmbio.”

As explicações foram dadas após o Copom, na decisão da semana passada, ter feito alterações em seu balanço de riscos para a inflação, apesar de manter a visão de que há uma assimetria de alta para os preços à frente.

A mudança havia sido interpretada por analistas como uma possível visão mais branda do BC para a inflação ao incluir choques sobre o comércio internacional e sobre condições financeiras como um risco de baixa para os preços.

Na ata, o BC informou que a efetivação de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos no Brasil. O documento ponderou que pode haver pressão de baixa nos preços caso não se materialize o cenário de medidas prometidas pelo governo Donald Trump, que já se incorporaram em preços de ativos.

A autarquia apontou elevada incerteza sobre a política econômica americana, citando dúvidas sobre possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho, introdução de tarifas à importação e reorientações da matriz energética, “o que pode impactar negativamente as condições financeiras e os fluxos de capital para economias emergentes”.

Do lado dos riscos de baixa para a inflação, o BC disse na ata que alguns dos fatores já não se mostravam mais presentes, enquanto outros apareceram com mais força no debate.

“A possibilidade de uma desaceleração da atividade global ou de impactos mais fortes — do que o esperado — do aperto monetário sobre a desinflação global parece menos provável”, apontou.

No entanto, o Comitê indicou a possibilidade de uma desaceleração mais forte da atividade no Brasil, algo que poderia gerar impactos desinflacionários. Mas ponderou que seu cenário-base já contempla uma desaceleração e que não há evidência de desaceleração abrupta.

Análise

Em relatório, o banco J.P. Morgan avaliou que a ata desta terça minimizou as chances de queda da inflação, citando que o BC vê riscos em duas direções em relação à política tarifária de Trump, se ela for escalada ou se houver uma reversão nesse debate.

A instituição ainda mencionou a ênfase dada pelo BC na desancoragem das expectativas e a atividade forte no Brasil, com moderação incipiente, não havendo elementos que indiquem uma desaceleração mais acentuada.

“Em nossa interpretação, a ata da reunião de hoje parece minimizar essa interpretação mais ‘dovish’ (branda) e os riscos de queda para a inflação”, disse.

Cenário Adverso

No documento, o BC avaliou que vetores inflacionários seguem adversos, como hiato do produto positivo (quando a economia opera acima de sua capacidade), depreciação cambial, inflação corrente mais elevada e expectativas de mercado mais desancoradas.

Na visão do Copom, ambientes com expectativas desancoradas aumentam o custo de desinflação em termos de atividade econômica.

Para a autarquia, esse cenário exige uma política monetária mais contracionista. A comunicação se diferencia da apresentada na reunião de dezembro, quando o BC se referia à necessidade de uma política de juros “ainda mais contracionista”.

“O Comitê acompanhou com atenção os movimentos do câmbio, que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da política econômica norte-americana e ao diferencial de juros”, disse.

Na última quarta-feira (29), o Copom decidiu seguir o ritmo de aperto nos juros já previsto ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 13,25% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria, e manteve a orientação de mais uma alta equivalente em março, deixando os passos seguintes em aberto.

O BC ressaltou que as projeções de seu cenário de referência apontam que a inflação acumulada em doze meses permanecerá acima do limite superior do intervalo de tolerância da meta nos próximos seis meses consecutivos, configurando descumprimento do alvo em junho.

No novo regime de metas, válido a partir deste ano, o alvo segue em 3%, com margem de 1,5 ponto percentual, mas sua medição deixou de ser no fim do ano calendário, passando a haver descumprimento se a inflação permanecer fora da tolerância por seis meses consecutivos.

Para as avaliações à frente, o BC disse que acompanhará o ritmo da atividade econômica, “fundamental na determinação da inflação”, o repasse do câmbio para os preços e as expectativas de mercado.

Na ata, a autoridade monetária afirmou que o mercado de crédito se manteve pujante, mas os financiamentos bancários têm apresentado alguma inflexão. Em outro sentido, o mercado de títulos privados segue mais forte que o esperado, apontou.

O Copom ainda reafirmou que a percepção dos agentes econômicos sobre o regime fiscal e a sustentabilidade da dívida pública seguiu impactando de forma relevante os preços de ativos, defendendo uma harmonização entre as políticas fiscal e monetária.

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