Viúva de Vladimir Herzog obtém na Justiça pensão vitalícia
6ª Vara Federal Cível do Distrito Federal concede o benefício a Clarice Herzog, que dedicou a vida a defender o nome do marido assassinado nos porões da ditadura e a denunciar a tortura pelos agentes de Estado
A 6ª Vara Federal Cível do Distrito Federal concedeu pensão vitalícia à viúva do jornalista Vladimir Herzog, morto depois de torturado em uma unidade do DOI-Codi, na sede do Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, em outubro de 1975. Clarice Herzog fez da morte do marido uma bandeira contra a ditadura militar e de denúncia às violências cometidas pelos agentes de Estado aos opositores do regime.
A pensão foi concedida em caráter de urgência, devido à saúde de Clarice, que sofre do Mal de Alzheimer. Nota do Instituto Vladimir Herzog salienta, porém, que "há um longo caminho até a decisão de mérito na ação do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, mas a concessão da medida liminar é um importante marco que garante o imediato pagamento da prestação mensal devida à viúva".
Ainda durante a ditadura, Clarice foi à Justiça contra o Estado. Em 1978, o juiz Márcio José de Moraes condenou a União pela morte de Vladimir — como era conhecido pelos amigos e parentes —, determinando que o poder público indenizasse a família e investigasse os autores do assassinato. A sentença foi confirmada em segunda instância, mas o Estado brasileiro jamais cumpriu a decisão da Justiça.
Vladimir foi convocado, em 24 de outubro de 1975, por agentes do II Exército a prestar depoimento sobre as ligações que tinha com o Partido Comunista Brasileiro — então ilegal. Então diretor de jornalismo da TV Cultura, ele entrara no radar da ditadura por conta das campanhas que os deputados Wadih Helu e José Maria Marin, ambos da Arena — partido que dava sustentação ao regime —, faziam contra sua gestão na emissora, em discursos na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
No dia seguinte, Vladimir foi espontaneamente ao DOI-Codi e dali não saiu vivo. Os também jornalistas George Duque Estrada e Rodolfo Konder afirmam ter escutado quando um dos torturadores ordenou a outro que trouxesse uma máquina de choques elétricos para que fosse usada em Vlado — que negava ter ligações com o PCB.
Ele não resistiu às agressões e os torturadores montaram uma cena para tentar emplacar a versão de que Vladimir cometera suicídio por enforcamento, dentro de uma das celas.
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