Tutores gastam R$ 10 mil para transportar cachorros e eles morrem no caminho

Os três animais morreram durante a viagem de 6 mil quilômetros; família acusa empresa de transporte de negligência

Fev 5, 2025 - 08:45
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Tutores gastam R$ 10 mil para transportar cachorros e eles morrem no caminho

Três cachorros morreram no trajeto entre Ananindeua (PA), na Região Metropolitana de Belém, e Palhoça (SC), na Grande Florianópolis. Os tutores, Luciana e José Neto Murta, se mudaram do Pará para Santa Catarina para ficar mais próximo dos filhos e chegaram na sexta-feira (31/1). Já Bruce, Kira e Thor, os cachorros da família, viajaram por terra com uma empresa contratada. Eles chegaram a Santa Catarina no domingo (2/2), os três sem vida.

O casal acredita que, durante a viagem de cinco dias, os animais tenham sido submetidos a más condições de transporte e que tiveram suas necessidades negligenciadas, como hidratação.

"Os três cachorros tiveram os mesmos sintomas e falei para o motorista que o carro deveria estar contaminado com alguma bactéria, mas ele me disse que os outros animais transportados não morreram", disse José ao jornal catarinense ND+. Outros 11 cachorros foram transportados no mesmo veículo. Todos chegaram com vida ao destino.

Viagem

A família escolheu transportar os cachorros por via terrestre principalmente por conta de Bruce, o bulldog da família. "O bulldog apresenta uma condição congênita cardiorrespiratória, tendo uma pré-disposição para desenvolver doenças no coração e nas vias aéreas", explica ao Correio o médico veterinário Luiz Alberto Gomes de Andrade, do Hospital Animais. A viagem de avião, assim, poderia fazer mal ao animal. 

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Os outros dois cachorros, por sua vez, eram pastores alemães, e as companhias aéreas não aceitavam cachorros grandes, segundo os tutores. A viagem para os três custou R$ 10 mil.

Os cães saíram do Pará em 28 de janeiro e percorreram seis mil quilômetros. Já no dia 31, a empresa responsável pelo transporte comunicou a morte do primeiro cão. Bruce, de 5 anos, teve quatro paradas cardiorrespiratórias e morreu quando o transporte passava pela Bahia — estado que não estava no itinerário repassado aos tutores.

Um dia após a morte de Bruce, o casal foi avisado da morte da pastora alemã Kira, de 10 anos. De acordo com a família, a empresa não avisou que a cadela estava passando mal, apenas que tinha morrido.

Em seguida, os tutores receberam a informação de que o pastor alemão Thor, filho de Kira, também tinha falecido. O responsável pela viagem o levou até uma clínica veterinária em Minas Gerais (que também não estava no roteiro da viagem), mas ele morreu dentro de quatro horas.

Empresa de transporte

Ao ND+, a família acusa a Pet Gold Transportes, empresa responsável pelo serviço, de negligência. Segundo José, foi informado que um veterinário iria junto na viagem, o que não ocorreu. "Eu, como criador há mais de 40 anos, estou convicto que foi negligência. Todos apresentaram os mesmos sinais, mal tratados, sangrando, com febre", declarou o aposentado.

"Antes de viajar, todo e qualquer pet tem que passar por uma consulta para avaliar as condições físicas e se estão com todas as vacinações em dia. O médico veterinário tem por obrigação avaliar cada animal e ver suas particularidades e se necessário pedir exames complementares para saber se o animal está apto ou não para fazer a viagem", afirma Gomes de Andrade. Segundo a família, os três cachorros passaram por avaliação médica antes de embarcarem. 

De acordo com informações da Receita Federal, a Pet Gold Transportes é de João Pessoa (PA) e foi criada em abril de 2024. O capital social informado é de R$ 10 mil. O responsável pela companhia é Alexandder Junio dos Santos Marques. O Correio entrou em contato Alexandder via telefone e com a companhia por e-mail, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

Conforme a família, um boletim de ocorrência teria sido aberto na delegacia de Palhoça. Ao Correio, a instituição informou que não compete a ela investigar o caso. "De ordem do Delegado de Polícia Marcelo Arruda Almeida, informa-se que como o fato ocorreu em outro estado, desta forma, não compete a esta Delegacia a apuração dos fatos", afirmou.