Médico renomado fica “devastado” ao ser diagnosticado com câncer incurável que passou a vida tratando

Em 2016, o professor Adrian Crellin, um renomado oncologista britânico, viveu uma reviravolta que mudou sua trajetória. Especialista em radioterapia, ele dedicou décadas a tratar pacientes com câncer e até ajudou a inaugurar o Bexley Wing, centro de tratamento oncológico no Hospital St James, em Leeds. Mas, em um destino surpreendente, ele próprio se tornou paciente da mesma unidade que ajudou a criar.

Tudo começou quando Crellin, então com 64 anos, percebeu sangue na urina. O sintoma o levou rapidamente a procurar um clínico geral. Após exames, o diagnóstico confirmou o que ele já suspeitava, mas não esperava: câncer de próstata. Testes adicionais revelaram que a doença havia se espalhado para os ossos, tornando-se incurável. “Foi um choque. Saber que não havia cura foi devastador”, relatou o médico, hoje com 70 anos.

Apesar do prognóstico, Crellin esclarece que seu caso não é considerado “terminal”, já que o câncer ainda responde aos tratamentos. Essa distinção é crucial: enquanto doenças terminais não têm opções terapêuticas restantes, ele segue controlando a progressão do tumor com medicamentos, radioterapia e quimioterapia.

O professor Adrian Crellin recebeu a Ordem do Império Britânico (CBE) por seus serviços à radioterapia (SWNS).

A experiência de passar de médico a paciente trouxe uma mistura de emoções. Por um lado, seu conhecimento técnico o fez antever possíveis complicações e efeitos colaterais. “Imaginei o pior rapidamente”, admitiu. Por outro, sua familiaridade com procedimentos como radioterapia o deixou mais tranquilo. “Entrar na sala de radioterapia, que eu mesmo projetava, foi emocionalmente difícil no início, mas rapidamente virou um lugar de confiança”, contou.

Crellin, premiado com a Ordem do Império Britânico por suas contribuições à radioterapia, destaca o papel de tratamentos de precisão, como a radioterapia estereotáxica. Essa técnica usa alta tecnologia para mirar em áreas minúsculas do corpo com exatidão milimétrica, reduzindo danos a tecidos saudáveis. “Não é só sobre aliviar a dor, mas controlar a doença. Isso estendeu minha vida e preservou minha qualidade de vida”, explicou.

Oito anos após o diagnóstico, ele segue ativo. Além de continuar trabalhando como consultor na área oncológica, pratica tênis e mantém rotinas diárias. “O tratamento controlou as áreas afetadas e a lesão primária. A prova disso é que ainda estou aqui”, afirmou.

A jornada de Crellin também reforça a importância do avanço médico. A radioterapia estereotáxica, por exemplo, não existia em sua forma atual quando ele começou a carreira. Hoje, é uma ferramenta essencial para casos como o dele. Além disso, seu relato ressalta a confiança na equipe médica. “Saber que estava nas mãos de colegas capacitados fez toda a diferença”, destacou.

Ele enfatiza que há uma diferença entre “incurável” e “terminal”, pois ele pode ser tratado (SWNS)

Apesar de classificar a convivência com um câncer incurável como “extremamente difícil”, o professor mantém um olhar prático. Ele evita rótulos dramáticos e prefere focar nos fatos: a ciência permitiu que ele continuasse vivendo com autonomia. Sua história, além de pessoal, ilustra como a medicina evolui para transformar diagnósticos antes implacáveis em condições gerenciáveis.

Enquanto isso, Crellin segue inspirando colegas e pacientes. Sua trajetória — da liderança em projetos médicos à batalha pessoal contra a doença — mostra que, mesmo em cenários complexos, a combinação de conhecimento, tecnologia e resiliência pode abrir caminhos imprevistos.

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