Logos, Estúdios e Agências
O caso dos logotipos levantou alguns temas recorrentes no design de comunicação. Um deles é a competição entre os estúdios de design e as agências de marketing. Nos últimos anos, ocorreu uma tendência no design para o “pandesignismo”, a convicção de que o design é tudo e está em todo lado desde sempre e para […]
O caso dos logotipos levantou alguns temas recorrentes no design de comunicação. Um deles é a competição entre os estúdios de design e as agências de marketing.
Nos últimos anos, ocorreu uma tendência no design para o “pandesignismo”, a convicção de que o design é tudo e está em todo lado desde sempre e para sempre. É por definição uma visão a-histórica do design, que passa a ser uma constante eterna, e cuja história se limita aos “acidentes” externos — quem fez o objecto, quem o encomendou, o contexto em que foi feito e com que tecnologia.
Chega a ser refrescante quando surgem visões divergentes, que quebram esta mundivisão. Beatriz Casais, investigadora em marketing, criticou, num artigo do Público, a identidade do Studio Eduardo Aires, interrogando-se se não passa “de um simples exercício de design” ou se foi feito um processo de branding, integrando no processo de criação os residentes e os stakeholders.
Desde o seu começo, o design gráfico rivaliza com o marketing. Foi uma rivalidade marcante ao ponto de definir a identidade disciplinar do design. A agência de publicidade assentava o seu processo em estudos de mercado, métodos de inquérito estatístico, associados a interpretações ajudadas pela psicologia, antropologia, e outras disciplinas. O estúdio de design assentava numa aplicação rigorosa, mas criativa, de princípios da forma tidos como universais e de uma ética centrada na relação com a figura do cliente. Enquanto a agência se relacionava com o público por inquéritos a amostras de população, o design fazia isso através da universalidade dos princípios.
Não se trata de uma estar mais certa ou errada do que a outra. Tratava-se evidentemente de especializações, cada uma com funções parcialmente sobrepostas, mas distintas.
Cada uma tem problemas. Do lado do design, os princípios revelam-se não muito universais. Do lado do marketing, a amostra de público, tende a devolver a identidade da maioria, reforçando-a e “esquecendo” minorias.
(Continua)