Jornalista que expôs Karla Sofía Gascón ficou chocada por anos de preconceitos no X/Twitter

Origem da polêmica

As postagens antigas de Karla Sofía Gascón, contendo declarações de cunho racista, xenofóbico e islamofóbico, não foram resgatadas por internautas brasileiros como alguns tentaram dar a entender – incluindo o site americano The Hollywood Reporter – , mas sim pela jornalista canadense Sarah Hagi. Coapresentadora do podcast Scamfluencers, do estúdio americano Wondery, ela trouxe o material à tona, dando início a uma das maiores controvérsias envolvendo a protagonista de “Emilia Pérez”.

Em entrevista à Variety, Sarah relatou que encontrou os posts enquanto visitava sua família no Sudeste Asiático. Ao identificar o que descreveu como um “código implícito” em um post recente da atriz espanhola, decidiu investigar seu histórico de declarações públicas. “Não estava prestando muita atenção nela. Mas sou naturalmente curiosa, especialmente quando se trata de figuras públicas e suas posições políticas. Vi, então, um twitte em que ela usava a palavra ‘islamista’, o que me chamou a atenção”, explicou.

Conteúdo das postagens

A jornalista revelou ter ficado chocada ao ver anos e anos de posts preconceituosos, incluindo declarações sobre muçulmanos, George Floyd e até a diversidade no Oscar. Em um dos posts, Karla Sofía afirmou: “Cada vez mais, o Oscar parece uma cerimônia de filmes independentes e de protesto. Eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação do Black Lives Matter ou ao 8M”. Em outro, escreveu: “Desculpe, é só impressão minha ou há cada vez mais muçulmanos na Espanha? Talvez no ano que vem, em vez de inglês, tenhamos que ensinar árabe…”.

Sarah destacou que as mensagens permaneceram públicas por anos sem repercussão. “Mesmo na época em que foram postadas, essas mensagens passaram despercebidas. Não era uma polêmica viral esperando para ser descoberta. Eram apenas twittes que estavam lá, sem qualquer contestação, entre 2016 e 2023”, afirmou.

Defesa da atriz e impacto na corrida pelo Oscar

Após a repercussão, Karla Sofía excluiu sua conta no X e se manifestou no Instagram, pedindo desculpas e alegando que não é a mesma pessoa de antes. “Não sou a mesma pessoa de dez ou 20 anos atrás”, declarou. No entanto, os tuítes mais polêmicos foram feitos há menos de cinco anos.

A atriz e algumas publicações americanas passaram a especular que a polêmica fazia parte de uma campanha para prejudicá-la na temporada de premiações. Sarah Hagi negou veementemente essa teoria. “Não sou um fantoche de estúdio. Sou apenas uma pessoa comum. A ideia de que um estúdio escolheria justamente a mim para isso, alguém que nem sequer tem TikTok, é ridícula. Foi um acaso total”, afirmou.

Responsabilidade e exposição

Sarah reforçou que sua motivação não era alimentar a “cultura do cancelamento”, mas sim expor uma figura pública com um histórico de declarações preconceituosas. “Dado esse nível de visibilidade, seria de se esperar que alguém de sua equipe, da Netflix ou da campanha do filme tivesse revirado suas redes sociais. Mas os twittes continuavam lá. E não era apenas um comentário isolado — havia postagens sobre George Floyd e muitas outras questões”, destacou.

A jornalista ainda pontuou que a permanência desses posts demonstrava “ou um sentimento de impunidade, ou a crença de que ninguém se daria ao trabalho de investigar”. Para ela, a repercussão do caso mostra a importância de questionar figuras públicas. “Se não queriam que esses twittes fossem encontrados, deveriam tê-los apagado. Eu apenas fiz a busca. Poderia ter sido qualquer pessoa”, concluiu.

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