Governo Trump critica Selena Gomez por chorar por imigrantes deportados
Casa Branca divulgou resposta oficial após a cantora expressar emoção sobre a situação de imigrantes sem documentação
Reação do governo
A Casa Branca divulgou um vídeo oficial criticando Selena Gomez após a cantora compartilhar imagens em que aparece chorando por conta das deportações conduzidas pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE). O material, intitulado “Mães de vítimas de imigrantes ilegais criticam Selena Gomez: Você não chorou por nossas filhas”, foi publicado na sexta-feira (31/1).
O vídeo inclui trechos da postagem original da artista, mesclados com entrevistas de três mulheres cujos filhos teriam sido mortos por imigrantes sem documentação. “Ver esse vídeo é difícil de acreditar porque ela é atriz”, afirmou Alexis Nungaray. Outra entrevistada, Tammy Nobles, elogiou o governo Trump. “Estou tão feliz que Trump venceu. Estou muito feliz que esta seja uma das primeiras leis voltadas para a imigração”, disse, sem mencionar qual medida específica estaria se referindo.
Manifestação de Selena Gomez
Selena Gomez apagou o vídeo original poucas horas após a publicação, depois de receber críticas de figuras conservadoras. Em uma nova postagem, defendeu sua posição. “Aparentemente, não é aceitável demonstrar empatia pelas pessoas”, escreveu.
No conteúdo deletado, Gomez expressou preocupação com o impacto das deportações. “Só queria dizer que sinto muito. Todas as pessoas da minha comunidade estão sendo atacadas, as crianças. Eu não entendo. Sinto muito. Gostaria de fazer algo, mas não sei o que. Vou tentar de tudo, prometo”, ela disse no Instagram Stories na última segunda-feira (29/1).
Política migratória de Trump
Desde que assumiu o governo, Donald Trump intensificou suas promessas de campanha voltadas ao combate à imigração irregular. Entretanto, a repressão contra imigrantes sem documentos vai muito além da deportação de indivíduos com histórico criminal.
Operações recentes resultaram na detenção de pessoas com base em sua aparência ou idioma, como ocorreu com uma avó, uma mãe e uma criança menor de três anos, presos no final de janeiro em Milwaukee por falarem espanhol, segundo denúncia do jornal espanhol El País. Eles foram liberados apenas após comprovarem ser de Porto Rico e, portanto, possuírem cidadania americana. Outro homem de família colombiana, nascido nos Estados Unidos e veterano da Marinha, disse à CBS News que foi detido sem nenhum motivo em duas ocasiões diferentes na última semana por falar espanhol.
Grupos alinhados ao governo tem incentivado colegas de trabalho e estudantes indocumentados às autoridades migratórias, promovendo essa prática como uma “responsabilidade cívica”.
Em um movimento que intensifica essa política, o governo Trump autorizou agentes de imigração a realizarem prisões em igrejas e escolas, revogando diretrizes anteriores que restringiam operações nesses locais considerados “áreas sensíveis”.
Apesar das medidas, um estudo do Departamento de Segurança Pública do Texas apontou que imigrantes sem documentação possuem os menores índices de crimes violentos em comparação com outros grupos populacionais.
Histórico de apoio à causa
Selena Gomez, descendente de mexicanos, tem se manifestado em defesa dos direitos dos imigrantes há anos. Durante a estreia de “Emilia Pérez”, musical indicado ao Oscar, a artista reafirmou seu compromisso com a comunidade latina.
Em 2019, ela produziu o documentário “Realidade Não Documentada”, da Netflix, que abordou a história de imigrantes ilegais nos Estados Unidos. Em outubro, ela declarou á revista Variety: “Definitivamente quero estar ao lado do meu povo”.
A equipe da cantora não se pronunciou sobre o vídeo divulgado pela Casa Branca.
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