Açores: entrada em funcionamento de dois radares meteorológicos conclui rede de vigilância meteorológica nacional

Os dois radares representam um investimento de aproximadamente cinco milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Os Açores terão ainda um Observatório Climático do Atlântico (OCA) que envolve um investimento de mais de dois milhões de euros.

Fev 7, 2025 - 16:25
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Açores: entrada em funcionamento de dois radares meteorológicos conclui rede de vigilância meteorológica nacional

A entrada em funcionamento de dois radares meteorológicos na Região Autónoma dos Açores deu por concluída a rede de vigilância meteorológica nacional, permitindo a cobertura total do território nacional, refere o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Na cerimónia de apresentação destes radares nos Açores, a 24 de janeiro, que teve a presença do presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, da secretária de Estado do Mar, Lídia Bulcão, e do presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), José Guerreiro, assinou-se também um protocolo de cooperação entre o IPMA e o Governo Regional dos Açores, que prevê a constituição do Observatório Climático do Atlântico (OCA).

“Os novos equipamentos [radares meteorológicos] estão localizados em Pico dos Santos de Cima, na Ilha de São Miguel, e no Morro Alto, nas Flores, representando um investimento de aproximadamente cinco milhões de euros, financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Os dois radares permitem detetar em tempo real a precipitação na atmosfera e avaliar com precisão a sua quantidade e intensidade, deslocamento e evolução de sistemas com precipitação associada num raio de 300 quilómetros. A par destes equipamentos, foram ainda instaladas duas estações meteorológicas contíguas aos mesmos e dois detetores de descargas elétricas em São Miguel e nas Flores”, refere o IPMA.

O IPMA salienta que tendo em conta que os Açores é “frequentemente” afetado por fenómenos de tempo severo, pelo que a instalação de um radar em cada um dos seus grupos (oriental, ocidental e central) “garantiu a totalidade da cobertura” na região, abrangendo uma área com cerca de mil quilómetros de extensão.

“O radar das Flores, em particular, pode acompanhar a evolução e o trajeto dos sistemas meteorológicos com precipitação e vento associados, como superfícies frontais, depressões e furacões, que se aproximem a oeste do grupo Ocidental, enquanto o radar de São Miguel, em conjunto com o da Terceira, possibilita e reforça significativamente o mesmo tipo de vigilância nos grupos Central e Oriental”, explica o instituto.

O IPMA sublinha que os novos equipamentos dos Açores completaram o reforço e renovação total da rede nacional de radares do IPMA, “projeto que implicou ainda a instalação dos novos radares de Coruche e Loulé no continente, inaugurados em 2024, com financiamento PRR no valor de dois milhões de euros, bem como dos radares do Porto Santo, na Madeira, e do da Ilha Terceira, nos Açores”.

Com este equipamentos, refere o IPMA, é esperada uma “melhoria” nos processos de suporte à avaliação dos riscos meteorológicos associados à navegação marítima e aérea no Atlântico, dando também um contributo para a “vigilância meteorológica permanente e também para a previsão do estado do tempo a curto prazo (nowcasting)”.

O Instituto adianta que a informação de radares, geralmente visualizada em imagens geradas de cinco em cinco minutos numa escala de cores, “permite aos meteorologistas acompanharem em permanência todas as situações meteorológicas que têm precipitação associada e emitir avisos tempestivos à população em geral e aos serviços de proteção civil em particular”, reforçando que estes equipamentos vão “contribuir significativamente” para a salvaguarda de vidas e bens, para a proteção ambiental e, em geral, para a “melhoria” da economia da região.

“Com o aproximar do pico do inverno, a abrangência geográfica agora alcançada com os novos radares é crítica para a deteção tempestiva de fenómenos extremos, em particular de precipitação muito intensa, permitindo avisos ainda mais atempados para proteção de pessoas e bens, em estreita colaboração com os serviços de proteção civil no continente e regiões autónomas”, sublinha o IPMA.

Quanto ao Observatório Climático do Atlântico (OCA) que vai funcionar em Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, envolve um investimento de mais de dois milhões de euros.

“O novo observatório destina-se à recolha de dados atmosféricos fundamentais para estudar as alterações climáticas na região do Atlântico Norte, nomeadamente a circulação de gases com efeito de estufa, potenciando um polo de excelência para a investigação dedicada ao clima à escala global”, referiu o IPMA.