Zenvia demite 15% e pode sair do nicho de SMS

A Zenvia está projetando uma mudança radical de rumos, com planos de demitir 15% da equipe e eventualmente vender o negócio de disparo de SMS, no qual a empresa foi fundada e ainda responde pela maior parte do faturamento hoje. Segundo os planos, revelados ao Brazil Journal, a ...

Jan 14, 2025 - 14:01
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Zenvia demite 15% e pode sair do nicho de SMS

A Zenvia está projetando uma mudança radical de rumos, com planos de demitir 15% da equipe e eventualmente vender o negócio de disparo de SMS, no qual a empresa foi fundada e ainda responde pela maior parte do faturamento hoje.

Segundo os planos, revelados ao Brazil Journal, a Zenvia quer se posicionar como uma empresa só de soluções de comunicação na nuvem, um nicho no qual a companhia fez diversas aquisições nos últimos anos.

A matéria não chega a falar no número total de demitidos, mas a Zenvia tem hoje cerca de 1 mil funcionários listados no Linkedin, o que coloca a cifra ao redor de 150. 

A diminuição da quantidade de funcionários é só uma dimensão das mudanças.  A Zenvia está disposta inclusive a aceitar uma redução importante no tamanho do negócio, uma vez que a área focada em SMS hoje responde por dois terços da receita, ou cerca de R$ 600 milhões.

Segundo o Brazil Journal, a Zenvia avalia inclusive vender o negócio de SMS, ou, para usar um jargão complicado, CPaaS (communication platform as a service).

A Zenvia foi fundada em 2003 com foco nesse mercado, que permite que empresas façam o disparo em massa de SMS, para por exemplo, fazer a autenticação de dois fatores numa abertura de conta bancária.

Como qualquer um que tem um telefone sabe, o SMS não chega a ser exatamente uma tecnologia da moda e a quantidade de casos de uso está caindo há algum tempo já. 

Provavelmente tendo isso em conta, a Zenvia investiu em uma série de aquisições, das quais a maior foi a Movidesk, uma companhia catarinense que oferece soluções de help desk e service desk como serviço, comprada por R$ 611 milhões em 2022. 

Com esse um mix de soluções, e um discurso afiado com direito a uma estética futurista, a Zenvia abriu capital em julho de 2021 na bolsa americana Nasdaq, um fato inédito para uma empresa brasileira desse porte.

O problema é que desde então as ações só caíram, indo de um preço inicial de US$ 19 para US$ 2,70 nos últimos anos. Os planos radicais, expostos de maneira aberta no Brazil Journal, um site voltado para investidores, visam recuperar a imagem da empresa.

Os investidores veem a Zenvia como um player de SMS, o que leva a um tipo de avaliação do potencial do negócio muito inferior aos de empresas de software. 

No final de 2022, a Zenvia já tinha tentado acalmar os investidores com um corte de 118 funcionários, ou 9% do seu quadro total, falando em preservar o caixa em um momento de crise. Na época, muitas startups tomaram medidas similares.

“Depois desse ciclo, a Zenvia deve reduzir muito de tamanho, mas vai se tornar um player puro de software, com mais crescimento, mais margem, sem dívida e com mais empresas comparáveis na Bolsa”, disse ao Brazil Journal o CEO da Zenvia, Cássio Bobsin. 

Bobsin é hoje o maior acionista da Zenvia, com 37% das ações, seguido pela Oria Capital, com 27%, pela Tencent, com 7%, e pela Twilio, uma multinacional de CPaaS que fez um grande aporte no IPO da empresa e tem outros 7% do capital.

Na avaliação do Brazil Journal, a Twillio seria um “comprador óbvio” para o negócio de SMS da Zenvia, cujo valor ficaria na casa dos US$ 100 milhões, o que permitiria à empresa zerar as suas dívidas, hoje na casa de US$ 70 milhões. 

A Twillio, uma das maiores empresas de CPaaS do mundo, inclusive já opera no Brasil por meio de uma parceria com a Zenvia, que compra para ela os pacotes de SMS das operadoras de telecom.

As compras foram unificadas num produto único, que oferece uma solução de marketing, interação com os clientes nas redes sociais com bots e pessoas, e uma ferramenta que ajuda na conversão.

A receita desse negócio, que concorre com empresas como a Take Blip, já fica na casa dos R$ 180 milhões, com uma margem bruta de 70% e margem EBITDA positiva. A solução tem 5.700 assinantes, e 20% da receita vem de fora do Brasil.

“É um negócio preparado para o futuro: um SaaS baseado em inteligência artificial”, disse Bobsin ao Brazil Journal. 

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