Quer fazer um programa cultural? Exposição de Alexandre Estrela acaba domingo (e é grátis neste dia)
Se não tem planos para o fim de semana e apetece-lhe um programa cultura, que tal ir à Culturgest ver a exposição "A Natureza Aborrece o Monstro" do artista português Alexandre Estrela?
Se não tem planos para o fim de semana e apetece-lhe um programa cultural, que tal ir à Culturgest ver a exposição “A Natureza Aborrece o Monstro” do artista português Alexandre Estrela? Com curadoria de Bruno Marchand, esta mostra reúne mais de uma dezena de obras videográficas, maioritariamente inéditas em Portugal, produzidas na última década.
A exposição aborda temas como fenómenos naturais, comportamento animal e a noção de medo, apresentando constelações de peças que garantem ao público uma experiência sensorial e reflexiva.
“Nestas peças, Alexandre Estrela liga a ideia de beleza da natureza à ideia de monstro, não como tema, mas como horizonte, integrando-lhes referências visuais e sonoras”, descreveu o responsável pela programação das artes visuais da Culturgest.
A mostra acontece quase um ano após a apresentação da instalação audiovisual Flat Bells no Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova Iorque, primeira exposição individual de um artista português naquela instituição norte-americana, sublinhou Bruno Marchand.
Nas salas da galeria, as peças de Estrela transportam alusões a fenómenos da natureza, a animais e ao mundo mineral, assim como ao comportamento humano, resultado dos desenvolvimentos recentes das suas investigações.
A exposição abre com Tape Worm, a peça mais recente das 13, criada este ano, uma projeção de vídeo gerado por computador sobre ecrã de alumínio gravado, onde o “worm” semi-físico e semi-digital é gerado aleatoriamente, e vai passado por um ponto de leitura que cria uma colagem de sons em constante mudança.
A maior parte das obras “estão a interagir umas com as outras, ativando-se mutuamente”, como é o caso de Pockets of Silence (2015), que cruza uma história de camuflagem sonora de guerra inventada pelo fotojornalista Dante Vacchi — que acabou por se fazer mercenário —, com uma investigação de laboratório de neurociências do comportamento de Marta Moita, no Centro Champalimaud, sobre a transmissão social do medo através do silêncio.
Ao artista “interessam-lhe as experiências científicas, a disfunção da perceção humana, quando vemos algo não correspondente à realidade, e o uso do som para criar uma reação somática no espectador”, apontou o curador.
As obras recorrem a elementos visuais, sonoros e espaciais “para construir propostas sinestésicas que tanto revelam quanto destabilizam a nossa perceção, questionando a sua mecânica, os seus limites e a sua fiabilidade”, segundo a curadoria.
Outra das obras da mostra que sobressaem pelo uso do som é Redskyfalls (2019), composta por uma projeção em ecrã gigante de uma montanha usada pelo sistema operativo MacOS High Sierra, ligada ao sistema de deteção da atividade sísmica global.
Quando acontece algum terramoto em qualquer parte do mundo, a paisagem estereotipada da montanha muda em sincronia, e surge uma banda sonora violenta do altifalante que inunda toda a exposição.
Bruno Marchand indicou que esta exposição “foi construída como um cérebro com dois hemisférios”, e “é uma espécie de corpo vivo”, pulsando de acordo com os sons, as imagens e as ativações mútuas das peças de Alexandre Estrela.
A natureza aborrece o monstro também é a primeira grande individual do artista numa instituição portuguesa desde a sua apresentação em Serralves, em 2013, tendo desde então exposto em museus e centros de arte internacionais, como o Museu Rainha Sofia, em Espanha, o M HKA, na Bélgica, e o Museu Rufino Tamayo, no México, além do MoMA, em Nova Iorque.
“A Natureza Aborrece o Monstro” está disponível até dia 2 de fevereiro na Galeria 1 da Culturgest, em Lisboa, das 11h às 18h. A entrada tem um custo de quatro euros, com descontos aplicáveis, sendo gratuita aos domingos.