Os três almirantes
João Canto e Castro (1918-1919) José Mendes Cabeçadas (1926) Américo Thomaz (1958-1974) Alguns evidenciam estranheza pelo facto de um militar liderar todas as sondagens para Presidente da República. Só demonstram ignorância histórica. O regime republicano português produziu mais militares do que civis na cúpula do sistema. Tivemos até hoje 19 chefes do Estado republicano, dez deles oriundos das forças armadas. Em quase 115 anos de república, 62 decorreram com um oficial-general no Palácio de Belém - ou até um militar de patente inferior, como aconteceu com o carismático major Sidónio Pais (1917-1918). Seis eram do Exército: Sidónio, Manuel Gomes da Costa (1926), Óscar Carmona (1926-1951), António de Spínola (1974), Francisco Costa Gomes (1974-1976) e António Ramalho Eanes (1976-1986). Um da Força Aérea: Craveiro Lopes (1951-1958). E três da Marinha: João Canto e Castro (1918-1919), José Mendes Cabeçadas (1926) e Américo Thomaz (1958-1974). Ocuparam o poder em todos os ciclos republicanos - o que teve início no 5 de Outubro de 1910, o que começou com o 28 de Maio de 1926 e o que surgiu no 25 de Abril de 1974. Nenhum espanto se a partir de Março do próximo ano tivermos um almirante como Presidente da República. Se assim for, será o quarto. Antecedido por Canto e Castro (contra-almirante na chefia do Estado), Mendes Cabeçadas (capitão-de-fragata quando se envolveu no 28 de Maio) e Thomaz (contra-almirante como inquilino de Belém até 1970, quando ascendeu a almirante). A diferença entre qualquer deles e Henrique Gouveia e Melo é que este, se lá chegar, resultará da escolha do povo português por sufrágio directo e universal. Por consequência, adquire uma autoridade moral que nenhum dos outros teve. Novidade, apenas nisto.
João Canto e Castro (1918-1919)
José Mendes Cabeçadas (1926)
Américo Thomaz (1958-1974)
Alguns evidenciam estranheza pelo facto de um militar liderar todas as sondagens para Presidente da República. Só demonstram ignorância histórica.
O regime republicano português produziu mais militares do que civis na cúpula do sistema. Tivemos até hoje 19 chefes do Estado republicano, dez deles oriundos das forças armadas. Em quase 115 anos de república, 62 decorreram com um oficial-general no Palácio de Belém - ou até um militar de patente inferior, como aconteceu com o carismático major Sidónio Pais (1917-1918).
Seis eram do Exército: Sidónio, Manuel Gomes da Costa (1926), Óscar Carmona (1926-1951), António de Spínola (1974), Francisco Costa Gomes (1974-1976) e António Ramalho Eanes (1976-1986). Um da Força Aérea: Craveiro Lopes (1951-1958). E três da Marinha: João Canto e Castro (1918-1919), José Mendes Cabeçadas (1926) e Américo Thomaz (1958-1974). Ocuparam o poder em todos os ciclos republicanos - o que teve início no 5 de Outubro de 1910, o que começou com o 28 de Maio de 1926 e o que surgiu no 25 de Abril de 1974.
Nenhum espanto se a partir de Março do próximo ano tivermos um almirante como Presidente da República. Se assim for, será o quarto. Antecedido por Canto e Castro (contra-almirante na chefia do Estado), Mendes Cabeçadas (capitão-de-fragata quando se envolveu no 28 de Maio) e Thomaz (contra-almirante como inquilino de Belém até 1970, quando ascendeu a almirante).
A diferença entre qualquer deles e Henrique Gouveia e Melo é que este, se lá chegar, resultará da escolha do povo português por sufrágio directo e universal. Por consequência, adquire uma autoridade moral que nenhum dos outros teve. Novidade, apenas nisto.