MEMÓRIA: FIA e Ferrari de um lado… resto da Fórmula 1, do outro

Recordando a grande guerra política da Fórmula 1 há 20 anos, com a FIA e a Ferrari de um dos lados da barricada e as restantes nove equipas, no outro… Há exatamente duas décadas, a Fórmula 1 vivia um dos momentos mais tensos da sua história. A rivalidade entre a Ferrari e as restantes nove […] The post MEMÓRIA: FIA e Ferrari de um lado… resto da Fórmula 1, do outro first appeared on AutoSport.

Jan 30, 2025 - 04:13
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MEMÓRIA: FIA e Ferrari de um lado… resto da Fórmula 1, do outro

Recordando a grande guerra política da Fórmula 1 há 20 anos, com a FIA e a Ferrari de um dos lados da barricada e as restantes nove equipas, no outro…

Há exatamente duas décadas, a Fórmula 1 vivia um dos momentos mais tensos da sua história. A rivalidade entre a Ferrari e as restantes nove equipas do campeonato atingia o auge, enquanto a FIA se mantinha firmemente ao lado da Scuderia, alimentando um ambiente de confronto que quase levou à criação de um campeonato paralelo.

O impasse era evidente: de um lado, uma aliança das nove equipas lutava por mudanças e corte de custos; do outro, a Ferrari, isolada, mas com o apoio incondicional da federação.

O que chamava a atenção naquela altura era a solidez da união entre as nove equipas dissidentes. Mesmo diante de uma oferta financeira tentadora de Bernie Ecclestone, elas mantiveram-se fiéis ao compromisso assumido em Interlagos: reduzir os testes e encontrar formas de conter os gastos na F1. O acordo estabelecido aumentava os dias de testes para 30, mas com um limite de dois carros por equipa e a exigência de rodar apenas numa pista de cada vez – uma condição imposta pela Honda. No entanto, a Ferrari, convidada para a reunião, mais uma vez recusava-se a participar.

Os chefes das nove equipas enviaram então uma carta à FIA, pedindo o adiamento de uma reunião marcada, de modo a aguardar os resultados de um estudo encomendado à FOM sobre as preferências dos espetadores em relação à F1. Ecclestone, percebendo que não conseguiria dividir as equipas que pressionavam por mudanças, aliou-se a elas e apoiou o pedido de adiamento. Mas, contrariando o que parecia razoável, Max Mosley e Charlie Whiting reuniram-se em segredo com Jean Todt e Ross Brawn no aeroporto de Heathrow, ignorando por completo a pressão das outras equipas. No final da reunião, Mosley não hesitou em provocar os dissidentes, acusando-os de “fazer beicinho” e afirmando que era até preferível negociar com apenas uma equipa, pois isso acelerava as decisões.

A posição dos construtores japoneses

Enquanto isso, a tensão aumentava nos bastidores. Os membros da GPWC, grupo que representava os principais fabricantes da F1, reuniram-se com Toyota e Honda, que estavam à beira de um ataque de nervos após a FIA ter decidido avançar com um novo Pacto da Concórdia apenas com a Ferrari. Pela primeira vez, os construtores japoneses aceitaram assinar um documento conjunto com Mercedes, BMW e Renault, onde os cinco se comprometiam a encontrar uma solução que garantisse:

A manutenção da F1 como a categoria de topo do automobilismo;

Um planeamento a longo prazo que assegurasse a prosperidade da competição e dos seus stakeholders, incluindo equipas, patrocinadores e circuitos;

Apoio às equipas independentes, fornecendo assistência técnica e motores;

Uma F1 mais atrativa para os fãs, oferecendo maior retorno e entusiasmo;

Um campeonato transparente e justo do ponto de vista comercial, técnico e desportivo.

Lendo essas propostas hoje, fica claro que tanto os construtores quanto as equipas procuravam estabilidade técnica e desportiva, em oposição às mudanças constantes impostas pela FIA sob a liderança de Mosley. E, acima de tudo, queriam um tratamento equitativo para todas as equipas. O sentimento de que “a Ferrari era mais igual do que as outras” já estava profundamente enraizado na comunidade da F1, e isso explica por que Toyota e Honda – tradicionalmente avessas a jogos políticos – decidiram tomar uma posição firme.

Olhando para trás, percebe-se que essa guerra entre a aliança FIA/Ferrari e o restante do paddock estava longe de ser resolvida. Bernie Ecclestone, como sempre, jogava dos dois lados, mantendo-se de bem com Deus e o diabo.

E, no meio de toda essa turbulência, a Fórmula 1 via-se mergulhada em disputas políticas que tiravam o foco do que realmente importava: as corridas, os pilotos, os motores e a emoção pura do automobilismo.

Era uma época de tensão, incerteza e conspiração – um verdadeiro capítulo da história que marcou para sempre o desporto.The post MEMÓRIA: FIA e Ferrari de um lado… resto da Fórmula 1, do outro first appeared on AutoSport.