Maria Kehl é criticada por chamar grupos identitários de “narcísicos”
Psicanalista disse que os integrantes de determinadas minorias se fecham em "nichos" que impedem o diálogo com que está de fora da bolha
![Maria Kehl é criticada por chamar grupos identitários de “narcísicos”](https://static.poder360.com.br/2025/02/maria-rita-kehl-4-fev-2025-848x477.png)
A psicanalista Maria Rita Kehl se tornou alvo de críticas nas redes sociais depois de afirmar que os grupos identitários dificultam o diálogo social, criando o que ela chamou de “lugar de cale-se”. Kehl deu a declaração ao programa Dando a Real, do jornalista Leandro Demori, na TV Brasil, que foi exibido na 3ª feira (4.fev.2025).
A escritora usou o movimento negro e o movimento gay para ilustrar a sua teoria, afirmando que o identitarismo desses grupos é uma boa iniciativa para que essas pessoas possam se unir e dizer “nós somos isso e nós queremos um lugar sendo isso”. Segundo ela, a grande problemática seria quando eles se fecham em si mesmos, criando “nichos narcísicos” que não aceitam a opinião de quem está de fora desse núcleo.
Ela seguiu a explicação dando o seguinte exemplo, que desagradou alguns internautas: “Eu posso, uma mulher de classe média, descendente de alemão, branca, criticar um negro se ele estiver espancando o filho dele, por exemplo. Eu posso tentar interferir. Ele pode responder: ‘Não se mete na minha vida’. Tá, é legítimo. Eu posso dizer: ‘Mas espera aí, eu não posso ver uma cena dessas?’. Agora, se ele diz: ‘Você não pode falar porque você é branca’, eu acho que isso não pode dar certo.”
“O ruim é quando o movimento identitário vira (…) uma espécie de nicho em que só os que estão nesse nicho podem falar entre si. Porque daí você se fecha para a crítica, você se fecha para o outro” – Maria Rita Kehl
Assista ao #DRcomDemori na íntegra ➡️https://t.co/w7SuleqDUP pic.twitter.com/WY51S3aAwe
— TV Brasil (@TVBrasil) February 5, 2025
Nas redes sociais, algumas pessoas do movimento negro criticaram a declaração da psicanalista. O escritor Ale Santos repudiou as falas de Maria Rita Kehl e lembrou que ela é neta de Renato Kehl (1889-1978), que ficou conhecido como o “pai da eugenia no Brasil”, teoria que defendia o embranquecimento da população.
“É essa herança histórica que a Maria insiste em negar que ela faz parte. [Ela] insiste em se colocar ainda como essa pessoa superior, que insiste em se colocar como uma especialista de negros, exatamente como o avô”, declarou.
Já a professora Lívia Natália, da UFBA (Universidade Federal da Bahia), criticou o exemplo escolhido pela psicanalista. Segundo ela, Kehl escolheu ilustrar a tese com uma história que reforça o esteriótipo do homem negro como uma figura violenta.
Um internauta disse que o comentário da psicanalista tem um “racismo embutido”.
Outro disse que ela deveria estudar melhor o identitarismo e principalmente a branquitude.
Outra usuária criticou a teoria da psicanalista afirmando que os comentários e opiniões de quem pertence ao movimento negro partem sempre das mesmas pessoas.