Jesse Eisenberg como diretor em ‘A Verdadeira Dor’: “Cresci ouvindo as histórias do filme”
Jesse Eisenberg não gosta de tirar férias – a menos que seja para lugares com um passado trágico, como os Campos da Morte do Camboja, o Museu do Genocídio em Ruanda ou cidades destruídas pela guerra, como Sarajevo. “Gosto de aprender sobre o mundo, entender as grandes tragédias da história moderna e como as pessoas […] O post Jesse Eisenberg como diretor em ‘A Verdadeira Dor’: “Cresci ouvindo as histórias do filme” apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.
Jesse Eisenberg não gosta de tirar férias – a menos que seja para lugares com um passado trágico, como os Campos da Morte do Camboja, o Museu do Genocídio em Ruanda ou cidades destruídas pela guerra, como Sarajevo. “Gosto de aprender sobre o mundo, entender as grandes tragédias da história moderna e como as pessoas podem se comportar dessa forma. É chocante. Ao mesmo tempo, quando viajo com minha esposa, ficamos em hotéis de luxo, comemos em bons restaurantes, então há esse estranhamento em querer visitar lugares marcados por grandes traumas e, ao mesmo tempo, curtir a vida”, conta à BAZAAR. Foi essa ironia que ele quis explorar em A Verdadeira Dor, que estreia esta semana nos cinemas brasileiros: personagens visitando cenários de traumas ancestrais enquanto viajam de primeira classe.
O segundo filme de Eisenberg como diretor é uma comédia dramática sobre David (interpretado por ele) e Benji (Kieran Culkin, favorito ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante), primos que viajam à Polônia para visitar o museu de Majdanek, antigo campo de concentração da Segunda Guerra, em homenagem à avó Dory, sobrevivente do Holocausto. O que começa como um tributo logo desperta antigas tensões entre eles. Além de explorar o chamado “turismo trágico”, o filme tem forte carga autobiográfica. Eisenberg assina o roteiro (indicado ao Oscar), dirige e protagoniza a história. A cena em que os primos visitam a antiga casa da avó foi filmada em um prédio que pertenceu à própria família do diretor. “Cresci ouvindo todas as histórias contadas no filme. A avó Dory foi inspirada na minha tia Dóris e por uma prima do meu avô – sobreviventes da guerra. Quando comecei a escrever o roteiro, elas voltaram à minha mente.”
Neste ano, a Academia voltou a destacar produções de diferentes nacionalidades, com Emilia Perez (Jacques Audiard) liderando a disputa e o Brasil marcando presença com Ainda Estou Aqui, de Walter Salles. Apesar da diversidade aparente, Eisenberg vê O Brutalista e A Verdadeira Dor como histórias essencialmente americanas, e ainda não assistiu o postulante brasileiro. “Meu filme trata da forma como os EUA enxergam a história europeia, enquanto O Brutalista fala sobre o sonho americano. Ambos retratam judeus da Europa Oriental e suas experiências no país.” Durante as filmagens, ele discutiu essa perspectiva com seu diretor de fotografia. “Sugeri que assistisse a filmes como Crimes e Pecados (1989), de Woody Allen, cujo diretor de fotografia era sueco – ou seja, dramas no estilo americano, mas ambientados na Europa. Adoro filmar fora, mas gosto de pensar nesses projetos como produções americanas.”
Kieran Culkin é uma força da natureza, dentro e fora das câmeras. Seu talento ficou evidente no discurso emocionado ao receber o Globo de Ouro por A Verdadeira Dor e, desde Succession, ele se firmou como um dos queridinhos da crítica e do público. Eisenberg conta que quis dar a ele o máximo de liberdade possível. “Kieran não quis ensaiar comigo, nem seguir marcas específicas. Não aprendia os diálogos no dia anterior, mas mesmo assim foi sensacional. No final das filmagens, descobrimos que ele estava dormindo no chão do quarto, duas horas por noite, totalmente imerso no personagem, embora nunca comentasse isso comigo. Foi um processo bastante incomum.”
Emma Stone foi uma das produtoras do filme ao lado de seus sócios na Fruit Tree, Ali Herting e Dave McCary. Mais do que um nome nos créditos, ela teve um papel ativo no processo criativo. “Emma é o que chamamos de produtora criativa. Ela e seus sócios me deram muitos conselhos, desde o elenco até o roteiro. Estava sempre presente nas filmagens, trazendo ótimas sugestões”, conta Eisenberg. Uma dessas contribuições acabou moldando uma cena importante. “Os primos perdem a parada do trem e precisam esperar pelo próximo. Foi ideia da Emma. Ela achou interessante afastá-los do grupo por algumas horas para entendermos melhor a dinâmica entre eles desde a infância. Foi uma ótima dica.”
O próximo filme de Eisenberg – ainda sem título – será uma comédia musical estrelada por Julianne Moore e Paul Giamatti. As filmagens começam em algumas semanas, e a história acompanha uma mulher extremamente tímida (vivida por Moore) que entra para um grupo de teatro local, liderado pelo personagem de Giamatti. “É sobre essa mulher tentando encontrar sua voz no teatro musical. Na verdade, é meio que sobre a minha vida. Eu era um jovem muito tímido e triste, e foi ao entrar em um grupo de teatro em Nova Jersey que me encontrei. É como Madame Bovary. Eu sou o personagem de Julianne Moore, assim como disse Flaubert.” Mais um projeto pessoal e cheio de narrativas pessoais a lá Eisenberg. Por aqui, já estamos ansiosos.
VETERANO
Esta é a segunda vez que Eisenberg é indicado ao Oscar. A primeira foi em 2010, por sua atuação em A Rede Social (2010), onde interpretou Mark Zuckerberg. Este ano, o Oscar voltou novamente seu olhar para filmes de outras nacionalidades. Emilia Perez, uma produção francesa lidera a disputa com 13 indicações. O Brutalista, apesar de ser uma produção norte-americana, foi quase todo filmado na Hungria. Além de A Substância, outra produção francesa, e claro, o Brasil, com suas três indicações para Ainda Estou Aqui, de Walter Salles.
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