Diretor francês é condenado à prisão por abusar da atriz Adèle Haenel

Sentença inclui indenização à atriz

O diretor Christophe Ruggia foi condenado nesta segunda-feira (3/2) na França por abuso contra a atriz Adèle Haenel quando ela era menor de idade. O tribunal correcional de Paris determinou uma pena de quatro anos, dos quais dois serão cumpridos com monitoramento eletrônico por tornozeleira.

A decisão também obriga Ruggia a pagar uma indenização de 50 mil euros à atriz. Haenel não demonstrou reação ao ouvir o veredicto, mas foi aplaudida por um grupo de mulheres ao deixar o tribunal. O advogado do diretor afirmou que ele pretende recorrer da decisão.

Denúncia foi motivada por documentário

O caso se tornou um marco na França, sendo a primeira grande condenação por abuso sexual no cinema do país desde o movimento #MeToo, que ganhou força em 2017. A vencedora do César (o Oscar francês) de Melhor Atriz por “Amor à Primeira Briga” (2014) disse ter decidido acusar o diretor em público depois de assistir ao documentário “Leaving Neverland”, no qual dois homens relatam abusos cometidos por Michael Jackson.

“Mudou minha perspectiva”, declarou a atriz ao site Mediapart. “Me fez ver que me agarrei por muito tempo à versão do Christophe Ruggia, de que tudo tinha sido uma história de amor… (O documentário) me fez entender os mecanismos de controle e fascínio”.

Relação começou durante filmagens

Haenel, que completa 37 anos em 11 de fevereiro, tinha apenas 12 quando foi escalada para “Les Diables” (2002), dirigido por Ruggia. No filme, ela interpreta uma órfã autista que foge com o irmão em busca dos pais. Ela disse que os avanços ocorreram em várias ocasiões, desde seus 12 anos e continuaram até ela completar 15 anos. Entre as provas, estão cartas de amor enviadas pelo cineasta à então menor de idade.

O diretor negou as acusações ao longo do processo, mas o tribunal considerou as provas suficientes para condená-lo.