“CR7 a valer 850 milhões? Se fosse candidato à FPF, pensaria: ‘Estou tramado'”
Com grande parte das receitas da FPF a terem origem direta ou indiretamente de Cristiano Ronaldo, e estando o craque português na reta final da sua carreira desportiva, Daniel Sá, diretor-executivo do IPAM, considera que este é um enorme desafio para o próximo presidente da Federação.
A gestão das receitas na Federação Portuguesa de Futebol, cujo orçamento para este ano será de 120,1 milhões de euros, será um dos grandes desafios do próximo presidente da entidade, que será eleito a 14 de fevereiro.
Aos 40 anos (celebrados esta quarta-feira), Cristiano Ronaldo vê a sua marca atingir a melhor avaliação de sempre em 2025: mais do que quadruplicou desde 2020 para 850 milhões de euros, de acordo com o mais recente estudo do IPAM revelado esta semana. Mas os milhões de euros garantidos são apenas uma das facetas do quarentão mais famoso do mundo: tem 923 golos marcados na carreira, conquistou cinco Bolas de Ouro, levantou cinco Champions League e a taça mais importante da nossa história: o Europeu de 2016.
Para 2026, há quem aponte que o primeiro grande desafio chama-se Cristiano Ronaldo. A seguir à Liga das Nações, vai-se colocar a questão associada à gestão do craque português: da forma como se gere o jogador mas também as expectativas passando pela forma como se vão conciliar os recordes que CR7 quer bater com a performance coletiva a equipa. Associada à prestação desportiva, estará sempre a questão financeira: a marca Cristiano Ronaldo continuará a garantir patrocinadores, contratos mais avultados e valores elevados nos prémios dos jogos amigáveis.
Ao JE, Daniel Sá, diretor-executivo do IPAM (faculdade que avaliou recentemente a marca CR7 em 850 milhões de euros) e especialista em marketing desportivo, explica porque é que vai ser um desafio – para Pedro Proença ou para Nuno Lobo – a possibilidade da FPF deixar de contar com esta insígnia quando Cristiano Ronaldo deixar a seleção.
“Acho que o primeiro raciocínio de qualquer um deles é “estou tramado” porque presumivelmente, no próximo ciclo, Ronaldo deixará de jogar. E é preciso não esquecer que uma grande parte das receitas da federação atuais vem direta ou indiretamente de Cristiano Ronaldo”, destacou.
Para Daniel Sá, a FPF deve tentar preservar este legado: “Se há algum tipo de conselho que poderia dar, este passa pela forma como é que a FPF vai preservar o legado desta marca, mesmo deixando de jogar. Como é que eu vou continuar a explorar e a beneficiar da marca CR7 para a Federação mesmo depois de ele deixar de jogar? Esta questão é inevitável e tem que ser feita”.
“A outra, ao mesmo tempo, não é encontrar outro CR7 – porque por muitas grandes estrelas que tenhamos, nenhuma delas está minimamente perto do Ronaldo enquanto marca – mas se calhar aqui arranjar duas ou três alternativas menores e que as três juntas já minimizem um bocadinho essa situação”, concluiu.