Advogado morto em praça de Belo Horizonte tentou separar briga de casal

O advogado carioca, de 43 anos, foi morto por um estudante de engenharia, de 25, na madrugada desse domingo (26/1), no Centro de Belo Horizonte

Jan 27, 2025 - 18:38
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Advogado morto em praça de Belo Horizonte tentou separar briga de casal

O advogado carioca Marvio Blanco Ludolf, de 43 anos, foi morto na madrugada desse domingo (26/1), na Praça Raul Soares, no Centro de BH. Segundo a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), ele descia de um carro de aplicativo para tentar aparar um suposto assalto, de um homem contra uma mulher, mas acabou esfaqueado por outra pessoa, um estudante de engenharia, de 25 anos.

O advogado estava em Belo Horizonte na companhia de um amigo, um policial pernambucano, para realizar um concurso da PCMG, com provas realizadas no mesmo dia. Ele aspirava ao cargo de delegado.

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Segundo a delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira, da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa Centro-Sul, o advogado e o amigo foram a um bar e uma boate e, por volta das 2h, retornariam ao hotel onde estavam hospedados.

Já no carro de aplicativo, o advogado teria dito ao motorista que retornasse ao ponto onde acontecia uma suposta agressão. Ele desceu do veículo e teria ido para cima do suposto agressor. Nesse instante, surgiu outro homem — amigo da mulher que gritava por "socorro" —, que sacou um canivete do bolso e desferiu dois golpes no tórax de Marvio.

O advogado foi socorrido e levado ao Hospital do Pronto Socorro João XXIII, onde faleceu, em consequência dos ferimentos, por volta das 9h de domingo. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi liberado após a chegada de parentes.

Briga de casal

A delegada Ana Paula conta que tudo ocorreu porque havia uma briga entre marido e a mulher. “O marido ansiava ir embora, mas queria pegar seu celular e as chaves de casa que estavam na bolsa da mulher. Eles são casados há 14 anos e têm três filhos. Na discussão, ela começou a gritar que estava sendo assaltada. Na briga, ela, inclusive, chegou a derrubar o marido, que, por pouco, não bateu com a cabeça (no chão). Foi nesse momento que o advogado tentou interceder”, diz.

Ainda segundo a delegada, o autor do homicídio estava em um banheiro de um bar. "Ele saiu, viu a confusão, atravessou a pista da praça, foi em direção ao advogado e desferiu os golpes de canivete. Depois disso, fugiu do local", prossegue a delegada.

A equipe de investigadores, composta pelo inspetor Guilherme Vieira, pelo subinspetor Renato Vieira e pelo investigador Leonardo Dias, conseguiu descobrir a identidade e o endereço do autor da agressões e foi até um prédio na Savassi.

“Foi quando ocorreu, inclusive, um contratempo que, por pouco, não prejudicou todo o trabalho de apuração. Os policiais chegaram ao prédio e pediram ao porteiro para chamar Miguel e também o síndico. O objetivo, com o síndico, era descobrir, por meio de um vídeo, o horário da chegada de Miguel ao prédio. O suspeito, além de não descer, chamou a Polícia Militar (PMMG) e disse que havia falsos policiais civis na portaria do prédio”. conta a delegada Ana Paula.

Miguel então desceu e se entregou aos policiais. “Mas ele não quis dizer nada em seu depoimento na delegacia. No trajeto, no entanto, confessou aos policiais que tinha cometido o crime”, conta Ana Paula.

Miguel passará por audiência de conciliação na tarde desta segunda-feira (27/1).

Consciência

A delegada-chefe do Departamento Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Alessandra Wilker, afirma que a mulher, que gritou que estava sendo assaltada, não será indicada. "Não existem subsídios para isso."

A delegada Wilker, no entanto, não concorda com a decisão. “Eu disse que ela (a mulher que gritava por 'socorro') tem culpa, pois ela inventou uma mentira. E disse que ela vai carregar isso, no seu consciente, pelo resto da vida."

Histórico

O advogado Marvio Blanco Ludolf estava inscrito no concurso da Polícia Civil de Minas Gerais. Mas antes disso, tinha passado em dois outros concursos. O primeiro, em Roraima. Depois, foi aprovado também na Polícia Civil de São Paulo.

Enquanto aguardava sua nomeação, em um dos dois estados, resolveu fazer o concurso em Minas Gerais.