A empresa que pós-produziu “Rabo de Peixe” para a Netflix agora é DMIX Collective

A partir dos seus estúdios em Marvila, a DMIX Collective quer dinamizar o sector nacional da produção e pós-produção de televisão, cinema e publicidade.

Fev 5, 2025 - 13:19
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A empresa que pós-produziu “Rabo de Peixe” para a Netflix agora é DMIX Collective

A partir de hoje, há uma nova produtora audiovisual portuguesa, que nasce com ambição internacional. Desde os seus estúdios em Marvila, Lisboa, a DMIX Collective quer dinamizar o sector nacional da produção e pós-produção de televisão, cinema e publicidade, atraindo novos projectos internacionais para Portugal.

A DMIX Collective resulta da aquisição da Walla – a empresa que pós-produziu a primeira temporada da série “Rabo de Peixe” para a Netflix, por exemplo – por parte da DMIX – Digital Mix Música e Imagem Lda., congénere do sector audiovisual fundada em 2003 pelo sound designer e mixer Elvis Veiguinha. Desta operação, nasce agora oficialmente a DMIX Collective, que junta as valências das duas empresas nas áreas do som e imagem, num novo espaço dedicado à produção e pós-produção de projectos nacionais e internacionais.

Os estúdios da empresa em Marvila, com uma área total de 500 metros quadrados, contam com quatro salas de produção e mistura de som para publicidade, cinema e TV; três salas de edição de imagem; uma sala de correção de cor (color grading); e uma sala de gravação de podcasts. Dispõe ainda de um lounge de 61 metros quadrados direccionado para eventos culturais, incluindo tertúlias sobre cinema, pré-estreias, lançamentos de livros, exposições e showcases de artistas. Além disso, o espaço oferecerá a possibilidade de arrendamento de salas a freelancers da área audiovisual.

A DMIX Collective nasce com uma forte vocação internacional, tendo o foco na recepção de projectos estrangeiros para finalização em Portugal – beneficiando de programas de financiamento europeus, como o Media Europe. Em entrevista à Marketeer, Elvis Veiguinha, CEO da DMIX Collective, aborda o novo projecto e os planos para tornar o espaço num hub criativo de produção e pós-produção audiovisual.

Elvis Veiguinha, CEO da DMIX Collective

Como surgiu a oportunidade de criação da DMIX Collective e com que objectivos?

A oportunidade surgiu em Dezembro de 2023, quando a DMIX – Digital Mix Música e Imagem Lda. adquiriu os activos da empresa Walla. Essa operação teve o objectivo de expandir a oferta de serviços, agregando novas áreas de produção e pós-produção audiovisual.

O resultado foi a criação de uma nova marca: a DMIX Collective e a renovação de um espaço de 500 metros quadrados. Desde finais de 2024 que a equipa está a trabalhar na Rua Afonso Annes Penedo, em Marvila, apontado como um polo criativo emergente da cidade de Lisboa. O que fizemos foi criar um hub com várias valências, que ultrapassam os serviços prestados até então.

Que sinergias têm sido feitas entre as duas empresas?

A DMIX Collective aproveita parte do portefólio herdado da Walla, incorporando novas áreas de negócio e serviços complementares. Com esta aquisição, a empresa amplia a capacidade de resposta no mercado audiovisual, garantindo uma oferta mais diversificada e especializada.

Quais os principais projectos com assinatura da DMIX Collective até ao momento?

No passado, a DMIX já esteve envolvida na criação e produção da identidade sonora de vários canais televisivos (RTP 1, RTP 2, RTP África, Sport TV, TVI, SIC, SIC Notícias, RTP Informação, Canal 11, NOW e também da CM Rádio), bem como na mistura de som para filmes, telefilmes e séries.

Além disso, tem um histórico de participação em campanhas publicitárias e colabora com grandes marcas como Sony Music, Warner Music, Red Bull e Turismo de Portugal, Pingo Doce, STAR Channel Portugal, entre muitas outras. Ainda no passado recente, podemos referir a pós-produção da primeira temporada de “Rabo de Peixe”, para a Netflix, ainda enquanto Walla.

Desde a criação da DMIX Collective, temos estado envolvidos em vários projectos, como a série “Faro”, produzida por Tino Navarro e realizada por Joaquim Leitão, a série “Azul”, produzida pela Blanche e realizada por Pedro Varela, a série “Projecto Global”, produzida pel’O Som e a Fúria e realizada por Ivo Ferreira, além de “La Memoria de Las Mariposas”, uma longa-metragem de Tatiana Fuentes Sadowski, produzido pela OBLAUM Filmes, que irá estrear na próxima edição do festival de cinema de Berlim.

Qual o posicionamento da DMIX Collective no mercado?

A DMIX Collective quer afirmar-se como uma referência nacional em serviços audiovisuais, investindo fortemente em tecnologia, infra-estrutura e num serviço diferenciado no mercado. A empresa aposta em parcerias estratégicas e tem o foco na internacionalização, oferecendo um serviço completo e inovador para o sector de produção e pós-produção.

Que leque de serviços disponibiliza?

A DMIX Collective oferece serviços de pós-produção de som e imagem, em que se incluem: gravação e mistura de som para publicidade, cinema, séries de televisão e documentários; edição de imagem e correção de cor; gravação de podcasts.

A publicidade/audio branding será uma das principais fontes de receita?

Sim. A DMIX tem uma vasta experiência em sound & music branding, já tendo trabalhado com várias marcas e canais televisivos. A DMIX já esteve envolvida na criação e produção da identidade sonora de vários canais televisivos, como referido anteriormente, além de curadoria musical para espaços comerciais, como por exemplo o Immerso Hotel, na Ericeira. A empresa pretende capitalizar esta experiência, oferecendo soluções inovadoras e personalizadas para publicidade e music branding.

Quais os mercados-alvo para a internacionalização?

Queremos atrair projectos internacionais para finalização em Portugal. O foco será trabalhar com produtoras europeias, mas em especial com as produtoras nacionais que trabalham em co-produção europeia, captando esses projectos para finalização nas nossas instalações. Verificamos que existe um crescente número de produções e co-produções rodadas em Portugal, mas a finalização acaba por ser feita nos países de origem. Queremos ser um parceiro para que também esse trabalho seja feito em território português.

O sector audiovisual português é atractivo para produtoras internacionais?

Portugal tem mais de 200 dias de sol por ano. Esse é um elemento bastante atractivo para produções estrangeiras filmarem no nosso País. Basta ver a quantidade de produções de outros países feitas em Portugal, sejam séries de televisão ou longas-metragens, algumas delas verdadeiros fenómenos internacionais. Há equipas de filmagens portuguesas integradas em muitas dessas produções.

Falta dar o passo no sentido de consolidação dos nossos meios de pós-produção. Ainda há desafios a superar, naturalmente, em especial na oferta de infra-estruturas capacitadas para essas grandes produções. A DMIX Collective quer colmatar esta lacuna, ou pelo menos parte dela, tornando Portugal mais competitivo ao nível da finalização de projectos audiovisuais.

Texto de Daniel Almeida

*O jornalista escreve segundo o Antigo Acordo Ortográfico