Um guia para os primeiros 100 dias de Trump
O roteiro de Trump 1 não serve para navegar Trump 2. O time de research do Mitsubishi UFJ Financial Group (MFUG), o maior grupo financeiro do Japão, preparou um guia em 12 pontos para os investidores se prepararem para os primeiros 100 dias do segundo mandato do Donald. A seguir, um resumo dos tópicos e […] The post Um guia para os primeiros 100 dias de Trump appeared first on Brazil Journal.
O roteiro de Trump 1 não serve para navegar Trump 2.
O time de research do Mitsubishi UFJ Financial Group (MFUG), o maior grupo financeiro do Japão, preparou um guia em 12 pontos para os investidores se prepararem para os primeiros 100 dias do segundo mandato do Donald.
A seguir, um resumo dos tópicos e das principais mudanças esperadas para 2025.
1.Ninguém fala em nome de Trump
Um presidente americano nomeia aproximadamente 4.000 pessoas, sendo que cerca de 1.250 destas precisam ser aprovadas pelo Senado; 15 são os secretários diretos, como o de Tesouro, Estado, Defesa, Comércio e Educação. Os assessores e conselheiros não passam pelo crivo do Senado. Apesar da necessidade da confirmação dos senadores para o secretariado, que não restem dúvidas: Trump tem a palavra final.
2.As nomeações “são” a política pública
O time escolhido por Trump reflete suas prioridades: uma mudança radical na política de imigração, desregulamentação da economia e redução de gastos públicos, interesses dos EUA em primeiro lugar e distanciamento do multilateralismo, política agressiva em relação à China, incentivo ao crescimento econômico, política comercial ativa, redução de impostos, segurança energética e atenção ao setor de tecnologia.
3.Agenda acelerada
Início em alta velocidade do novo Governo, com a publicação de dezenas de ordens executivas nos primeiros cem dias e uma mudança de rota instantânea em áreas como política externa e imigração.
4.Maiorias apertadas no Senado e na Câmara
Os Republicanos reconquistaram a maioria do Senado, mas por uma vantagem estreita – 57 votos contra 47. A maioria das novas leis exige o voto de pelo menos 60 senadores, o que envolve cooperação bipartidária. Na Câmara, a maioria simples assegura que o projeto siga para o Senado, mas a vantagem é quase nula: são 219 Republicanos contra 215 Democratas.
5.Congresso, não a Casa Branca, definirá o fiscal
O Presidente pode muito, mas não pode tudo. Será o Congresso, e não a Casa Branca, que definirá os parâmetros para o limite da dívida pública e para o déficit fiscal. O apetite dos congressistas para enxugar gastos ficará mais claro quando for divulgado o Orçamento de 2025, o que pode ocorrer ainda em janeiro. Os analistas do MUFG consideram improvável que o Department of Government Efficiency (DOGE) alcance o objetivo de cortar US$ 2 trilhões da previsão de gastos totais de US$ 6 trilhões. Quase 75% são obrigatórias, e a redução de impostos poderá na verdade acentuar o desequilíbrio orçamentário.
6.Trump é melhor para a Bolsa do que para os Treasuries
O déficit fiscal deverá superar US$ 2 trilhões, e o Tesouro terá que emitir US$ 12 trilhões em títulos neste ano para cobrir o rombo e rolar a dívida pública. O aumento do gasto fiscal tem empinado a curva de juros. Enquanto isso, os lucros das empresas deverão acelerar em 2025 – ainda mais se Trump diminuir impostos. As ações americanas continuarão performando melhor que seus pares globais.
7.Redução dos impostos
A decisão final estará nas mãos dos congressistas. Novamente, será importante observar a disposição de senadores e deputados para tolerar um aumento do desequilíbrio orçamentário. O time de Trump terá que demonstrar a mágica que evitará o aumento do déficit diante a proposta de reduzir a carga tributária.
8.Uma “guerra tarifária 2.0”
Não siga o roteiro do primeiro mandato de Trump. A guerra tarifária será agora “mais filosófica do que tática” – mais e talvez mais duradoura. As tarifas poderão ser aplicadas sem investigações prévias. Mais produtos devem ser atingidos agora, afetando um maior número de países.
Os EUA mantêm déficits comerciais com mais de 100 países – contra aproximadamente 80 em 1990. Mas se os EUA estão se desconectando da China, a China também continua se desconectando dos EUA. Em 2018, os americanos respondiam por 22% das importações chinesas. O percentual já caiu para 14% — e a tendência é continuar caindo nos próximos anos.
9.Desregulamentação para energia e setor financeiro
Os bancos regionais devem estar entre os principais beneficiados pela combinação de menos impostos e regras mais leves. Na produção de petróleo, a meta é alcançar 3 milhões de barris/dia. Serão revistas as decisões que paralisaram a produção de gás e óleo em novas áreas, e devem cair algumas restrições de exportações.
10.Libertando o ‘espírito animal’
A perspectiva de acirramento das guerras tarifárias traz incertezas, mas a promessa de menos impostos e menos regulação reativa o espírito animal das empresas. O aumento da produtividade, graças à nova onda de inovações tecnológicas, também contribui para o vento de cauda.
11.Ventos cruzados na economia e na geopolítica
As políticas de Trump trarão turbulência, com um esperado aumento da volatilidade nos mercados. A economia americana permanece robusta e o consumidor vai bem, mas haverá efeitos negativos causados pelas tensões na política comercial. Continuará o rearranjo das cadeias globais de produção.
12.‘America First’
A política externa de colocar os interesses dos EUA em primeiro lugar deverá ser “mais bilateral, transacional e altamente personalista” – envolvendo as ligações da família Trump no mundo dos negócios, aposta o MUFG. As tarifas serão usadas como instrumento de segurança nas fronteiras (como nas ameaças ao México e ao Canadá) e também como artifícios de negociação e barganha política e estratégica – como nas disputas envolvendo interesses americanos no Canal do Panamá e na Groenlândia.
Na relação com a União Europeia, as ligações históricas ficarão de lado – o foco estará na redução do saldo negativo na balança comercial e em questões como os impostos europeus sobre as Big Techs americanas.
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