Suspensão de embarque de soja de 5 empresas para China afeta ações do agro na B3?
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A China suspendeu o recebimento de remessas brasileiras de cinco tradings devido a algumas entregas que não atenderam aos padrões fitossanitários, segundo reportagem da Reuters. As empresas suspensas incluem Terra Roxa Comércio de Cereais, Olam Brasil e C.Vale Cooperativa Agroindustrial desde 8 de janeiro, bem como Cargill Agricola SA e ADM do Brasil desde 14 de janeiro.
O Itaú BBA lembra que a China responde por cerca de 70% das exportações de soja do Brasil e qualquer mudança significativa no fluxo comercial deve impactar a base de soja no País. Neste ponto, analistas acredita que o embargo atual não deve durar muito.
Os analistas observaram notícias semelhantes sobre o governo chinês restringindo as principais importações de commodities nos últimos meses, já que sua significativa presença global fornece ao país algum poder de barganha para negociar preços de forma mais eficaz.
“O cenário atual pode não ser o ideal para uma proibição generalizada de importações do Brasil, e qualquer medida pode ser abordada com cautela em meio a incertezas relacionadas a potenciais sanções no relacionamento comercial entre EUA e China”, comenta BBA.
Na mesma linha que BBA, o BTG avalia que a proibição parece ser temporária, uma vez que dificilmente a China reduziria significativamente as importações de soja do Brasil por um longo período sem arriscar uma escassez de farelo de soja. Dessa forma, analistas do banco acreditam que essa proibição pode ser de curta duração.
Por outro lado, conforme BTG, a suspensão pode ser parte de uma estratégia geopolítica mais ampla para apaziguar os EUA em meio às tensões comerciais renovadas.
O presidente Trump, durante sua campanha e após assumir o cargo, defendeu tarifas sobre bens de consumo, muitos dos quais exportados pela China, o que, na avaliação do BTG, reacendeu preocupações sobre uma possível guerra comercial.
O banco lembra que as chuvas fortes nas primeiras semanas da colheita de soja no Brasil têm atrasado seu progresso. Embora esse atraso seja parcialmente devido ao plantio tardio, o clima úmido também pode afetar a qualidade da soja, contribuindo potencialmente para problemas de contaminação.
Por outro lado, os analistas da casa apontam que o movimento parece particularmente estranho, uma vez que a soja desembarcada recentemente nos portos chineses provavelmente não é da safra atual. A soja colhida este mês ainda não teria sido embarcada e é mais provável que as cargas contaminadas tenham se originado das exportações finais do ano passado.
“Essa situação é altamente dinâmica e pode impactar ações relacionadas ao agronegócio, como produtores de grãos, além de Boa Safra (SOJA3) e 3tentos (TTEN3). No entanto, consideraríamos qualquer queda acentuada no mercado como uma oportunidade de compra”, avaliam.
O Bradesco BBI ressalta que, após a divulgação da notícia, o Ministério da Agricultura do Brasil confirmou em um comunicado que essas restrições não estão sendo impostas às empresas afetadas como um todo, mas sim a unidades específicas de cada uma delas, o que reforça a visão de que o impacto geral para o setor deve ser limitado.
A última vez que o Brasil enfrentou uma interrupção clara em suas exportações de soja para a China foi em 2004, quando foi imposta uma proibição temporária a 23 exportadores brasileiros após as autoridades chinesas descobrirem sementes tratadas com fungicidas em algumas remessas. Essa proibição durou cerca de dois meses, em abril e maio de 2004, e teve um impacto importante no ritmo das exportações brasileiras de soja durante esses meses, mas foi seguida por uma aceleração acentuada em junho, quando as restrições foram levantadas.
No final, os volumes de exportação de soja do Brasil em 2004 não sofreram, mas houve um impacto temporário nos preços internos da soja em relação ao mercado internacional: em meados de 2004, o desconto no preço da soja no Brasil ampliou-se para até US$ 3,0/bu, ou bushel, que equivale a 27,216 kg (em comparação com um prêmio histórico de US$ 0,4/bu), o maior em mais de 25 anos. No entanto, isso foi acompanhado por um aumento nos preços da bolsa de Chicago, significando que, naquela ocasião, os preços reportados nos portos brasileiros não sofreram tanto. Assim que as restrições de exportação foram levantadas, o prêmio também voltou à normalidade sazonal.
Outro ponto que o BBI observa é que o momento atual parece muito menos disruptivo do que a proibição de 2004, dado que a colheita de soja está apenas começando e a pressão para exportar agora é menor (as remessas aceleram sazonalmente a partir de março). Além disso, enquanto a China parece estar com estoque de soja após importações recordes em 2024, ainda depende de importações para 50% de seu uso total de soja, e o Brasil respondeu por 65% dessas importações nos últimos 5 anos (em comparação com 34% em 2004).
Para as empresas da sua cobertura, o principal risco (para produtores como a SLC – SLCE3) ou opcionalidade (para processadoras como BRF BRFS3 e Seara da JBS JBSS3) decorrente de restrições comerciais mais amplas seria a eventual queda nos preços internos à medida que a oferta aumenta. Porém, a restrição sendo localizada e temporária, e o fato de estar acontecendo em janeiro, leva os analistas a não esperarem impactos significativos deste evento.
A SLC já havia feito hedge de 64% de sua soja para o ano (provavelmente uma porcentagem maior agora), e a pressão para comercializar só ocorrerá em alguns meses.
“Portanto, isso não deve alterar nossas expectativas, mas vemos uma melhora na relação risco-recompensa devido à fraqueza do real. No setor de proteínas, a JBS continua sendo nossa principal escolha”, avalia.
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