Setores que ganham e perdem com a alta dos juros; 7 ações para ficar de olho

Empresas com alta alavancagem financeira tendem a sofrer mais em ambientes com aperto monetário, segundo relatório da XP The post Setores que ganham e perdem com a alta dos juros; 7 ações para ficar de olho appeared first on InfoMoney.

Jan 29, 2025 - 16:30
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Setores que ganham e perdem com a alta dos juros; 7 ações para ficar de olho

Empresas de setores que requerem muito capital para operar, como transportes, propriedades comerciais e agronegócios, são as mais afetadas pelo aumento da taxa de juros. Por outro lado, companhias dos segmentos de bens de capital, óleo & gás e papel & celulose tendem a sofrer menos porque têm dívidas diversificadas, hedge (proteção) eficiente e mais dolarização.

Essa é a conclusão do relatório “Alavancagem financeira em um cenário de juros altos no Brasil”, publicado pela XP na terça-feira (28). O material foi coordenado por Fernando Ferreira, CFA estrategista-chefe e head de research da casa, e Camila Dolle, head de renda fixa.

Segundo o relatório, as empresas dos três primeiros setores são mais afetadas porque têm alta alavancagem financeira – ou seja, dependem mais de empréstimos e financiamentos – e suas dívidas são mais atreladas ao CDI, indicador que normalmente está entre 0,1 e 0,2% abaixo da taxa de juros. Portanto, quando os juros aumentam, a dívida atrelada ao indexador também cresce.

“Esses setores são particularmente sensíveis a mudanças nas taxas de juros devido a sua natureza intensiva em capital, refletida em alavancagem financeira significativa, caráter cíclico e estrutura de dívida (nós destacamos ‘propriedades comerciais’, que possui 84% da dívida total do setor vinculada ao CDI)”, diz o relatório.


O segmento de propriedades comerciais apresentaria uma queda entre 9,0% e 17,1% em seus lucros em 2025 se o CDI subisse a 14,5% e 17,5%, respectivamente, segundo o relatório. No caso dos transportes, a queda seria de 19,3% e 44,6%. Por fim, o setor de agronegócios apresentaria uma contração de lucros entre 5,4% e 14,5%.

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Ok, mas os juros vão para onde?


A maior parte do mercado (97%) acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central vai elevar a Selic em 1 ponto percentual (p.p.) nesta quarta-feira (29), para 13,25%. Para o restante do ano, agentes consultados pelo BC para o Boletim Focus sinalizam mais 0,75 p.p, para 15%, até dezembro. Algumas casas mais pessimistas, no entanto, sugerem algo entre 15,50% e 15,75%.

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“Nossa equipe macroeconômica espera que a taxa Selic atinja 15,50% no pico do ciclo de aperto, em junho, permanecendo nesse nível até o primeiro semestre de 2026. Em nossa opinião, um ajuste monetário mais intenso e antecipado parece ser necessário para controlar as expectativas de inflação desancoradas. Ele também deve ter como objetivo equilibrar a taxa de câmbio, que foi afetada por fatores locais e externos em 2024”, diz a XP em relatório.

Setores menos impactados


Diante desse cenário de alta de juros, o setores menos impactados são bens de capital, com um aumento de lucros em 2025 entre 1,2% (com o CDI em 14,5%) e 2,0% (com o CDI em 17,5%), segundo o relatório; óleo, gás e petroquímicos, com uma pequena queda entre 0,0% e -0,6%; e papel & celulose, com uma contração estimada entre -0,7% e -1,4%.

Essas áreas podem ser sair melhor, segundo o material, porque a maior parte da estrutura de suas dívidas está vinculada a outro índice. Em transportes, por exemplo, 76% dos encargos são pré-fixados. Além disso, o hedge é “efetivo” ou dolarizado. O relatório cita que 44% da dívida de papel & celulose está em dólar e tem hedge. No caso de óleo & gás, apesar da maior parte da dívida não ter proteção, 92% das suas receitas estão em dólar.

Os setores com caixa líquido, como bens de capital, também apresentam alavancagem financeira zerada para 2025, o que os torna menos vulneráveis ao impacto da alta dos juros, diz a XP. Além disso, a área tem 89% de sua dívida atrelada ao dólar, sendo capaz de mitigar os efeitos do aperto monetário.

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Cesta de papéis com baixa alavanagem

A XP selecionou sete papéis que podem navegar bem no cenário de alta de juros – há opções de vários setores, inclusive daqueles mais afetados pelo aperto monetário. A casa considerou nomes com baixa alavancagem financeira; carrego sólido (altas taxas internas de retornos e geração de fluxos de caixa); e maior proteção contra à inflação.

O estudo levou em consideração apenas ações com recomendação de compra dos analistas setoriais da casa; que tiveram queda nas últimas 52 semanas superior a 20%; que apresentaram uma revisão positiva de lucros de 3 meses; e, por fim, com dívida líquida/EBITDA (métrica que mede o grau de endividamento de uma empresa) inferior a 2,0x.

Veja a Cesta XP de baixa alavancagem financeira:

NomesSetoresValor de mercado (R$ mi)
Irani (RANI3)Papel & Celulose1.658,61
Iguatemi (IGTI11)Propriedades
Comerciais
2.721,19
Dimed (PNVL3)Varejo1.229,22
Boa Safra Sementes (SOJA3)Agro1.372,33
Natura (NTCO3)Varejo16.905,44
Plano & Plano (PLPL3)Construção Civil1.852,63
Vivara (VIVA3)Varejo4.706,58
Fonte: XP Research

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