Se cuida, Powell: Trump coloca o Fed na panela de pressão e fala pela primeira vez de inflação e juros depois da posse

Mercado reajusta posição sobre o corte de juros neste ano após as declarações do republicano no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça; reunião do Fomc está marcada para a semana que vem The post Se cuida, Powell: Trump coloca o Fed na panela de pressão e fala pela primeira vez de inflação e juros depois da posse appeared first on Seu Dinheiro.

Jan 23, 2025 - 22:05
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Se cuida, Powell: Trump coloca o Fed na panela de pressão e fala pela primeira vez de inflação e juros depois da posse

Há cinco dias de o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) anunciar a primeira decisão de política monetária de 2025, o presidente dos EUA, Donald Trump, mandou um recado: os juros devem cair imediatamente.

Falando no Fórum Econômico Mundial de Davos, na Suíça, o republicano afirmou que as taxas deveriam ser reduzidas no mundo todo por conta da sua vitória nas eleições de 2024. 

“Com os preços do petróleo caindo, exigirei que as taxas de juros caiam imediatamente e, da mesma forma, elas deveriam cair em todo o mundo”, afirmou. 

A declaração revive os momentos de pressão — e tensão — entre Trump e o Fed no primeiro mandato do republicano que, por várias vezes, ameaçou Jerome Powell de demissão do comando do banco central norte-americano. 

A postura de Trump, no entanto, não deve pegar Powell de surpresa. Durante a campanha eleitoral, o republicano criticou algumas vezes a condução da política monetária pelo Fed e disse que se sentia livre para comentar sobre os juros. 

Para manter a independência do BC, a Casa Branca evita falar sobre decisões de política monetária — uma tradição quebrada por Trump na primeira vez em que esteve no poder. 

Trump também fala da inflação

Pela primeira vez desde que tomou posse, Trump também falou da inflação — que segue acima da meta de 2% do banco central norte-americano. 

“Orientei minha equipe a derrotar a inflação e reduzir custos”, afirmou ele, acrescentando que “políticas equivocadas da gestão anterior levaram à aceleração da inflação, ao aumento do preço dos alimentos e à piora da economia”.

Nesse momento, Trump listou uma série de medidas para reverter o que chamou de caos econômico.

“Minha administração está agindo com uma velocidade sem precedentes para corrigir os desastres herdados de um grupo de pessoas totalmente ineptas e resolver todas as crises que nosso país enfrenta. Isso começa com o confronto com o caos econômico causado pelas políticas fracassadas da última administração”, disse. 

Trump ressaltou que assinou uma série de medidas para corte de gastos e desregulamentações, incluindo um congelamento federal de contratações, o encerramento do New Deal verde — que prevê uma série de medidas econômicas favoráveis ao meio ambiente — e o mandato do veículo elétrico, um apelido que deu às políticas de descarbonização e eletrificação de veículos iniciadas por Joe Biden.

"Isso não apenas reduzirá o custo de praticamente todos os bens e serviços, mas também tornará os Estados Unidos uma superpotência manufatureira e a capital mundial da inteligência artificial e das criptomoedas", disse.

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Fed vai atender o pedido de Trump e cortar os juros?

Na última reunião, em dezembro, o Powell e os membros do comitê de política monetária (Fomc, na sigla em inglês) deixaram claro que o momento de dar uma pausa no corte de juros estava se aproximando. 

O recado foi reforçado pela projeções que reduziram à metade — de quatro para dois — o número de cortes de juros neste ano nos EUA. 

Sem citar Trump nominalmente, as autoridades mencionaram a preocupação com a aceleração da inflação depois da mudança de governo no país.

Os cortes de impostos, as tarifas sobre outros países e o endurecimento das regras de imigração — medidas defendidas por Trump — são vistas como riscos potenciais para o aumento dos preços nos EUA. 

O índice de preços para gastos pessoais (PCE, na sigla em inglês) — a medida preferida do Fed para a inflação — está em 2,4% atualmente, acima da meta de 2% do BC norte-americano. 

Diante da previsão do Fed, o mercado adiou para junho a chance de um novo corte de juros nos EUA. 

Depois das declarações de Trump, a possibilidade de a taxa cair por lá passou a 67%, de 65,4% do dia anterior, enquanto 33% (de 34,6% ontem) viam chances de manutenção dos juros. 

Atualmente, os juros nos EUA estão na faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano. 

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