Salário deixa de ser a principal motivação dos trabalhadores em Portugal, diz Randstad

O Workmonitor 2025 da Randstad, divulgado esta terça-feira, revela que pela primeira vez, o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional supera o salário como o fator principal para a escolha de um emprego, com 91% dos inquiridos portugueses a apontar a conciliação como prioritária.

Jan 21, 2025 - 12:08
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Salário deixa de ser a principal motivação dos trabalhadores em Portugal, diz Randstad

O equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ultrapassa, pela primeira vez em 22 anos de realização do Workmonitor da Randstad, a preponderância do salário, tornando-se a principal prioridade para os trabalhadores portugueses. Com efeito, 91% dos inquiridos no âmbito do Workmonitor da Randstad elege esta questão no momento de decidir onde trabalhar, número que supera em muito as tendência global de 83%.

A remuneração e a segurança no emprego surgem em segundo lugar (90%) nos fatores decisivos para os trabalhadores portugueses na altura de escolher um trabalho, revelam os dados.

O estudo desenvolvido pela Randstad Research mostra ainda que a flexibilidade no emprego também assume um papel relevante nas preferências dos trabalhadores portugueses, com 24% dos inquiridos a afirmar que abandonariam um emprego caso este não oferecesse flexibilidade suficiente. Além disso, 42% não aceitaria um emprego sem flexibilidade no horário de trabalho, enquanto 36% rejeitaria ofertas que não permitissem flexibilidade no local de trabalho, como a possibilidade de trabalhar a partir de casa.

A análise revela ainda que 46% dos inquiridos em Portugal afirma que deixariam um trabalho onde não encontrassem um sentimento de pertença e que não se importariam mesmo de ganhar menos dinheiro se tivessem bons amigos no trabalho (25%), se o trabalho contribuísse mais para a sua vida social (29%) ou se sentissem que o seu trabalho estava a contribuir de alguma forma para a sociedade/o mundo (31%).

O desenvolvimento de competências enquanto fator decisivo para atrair e reter talentos é outra das conclusões evidenciada pelo Workmonitor 2025. A falta de oportunidades para desenvolver competências e progredir na carreira levariam 41% dos inquiridos em Portugal a recusar um emprego ou mesmo a demitir-se (29%)

“O mercado laboral está, de facto, a mudar – isto não é novo, mas temos cada vez mais dados que nos mostram que a remuneração, apesar de ainda assumir um peso relevante, já não é um fator único a ser considerado na escolha de um emprego”, afirma Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad. “Hoje, trabalhadores por todo o mundo, inclusive em Portugal, valorizam, em primeiro lugar, um emprego que lhes garanta equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, flexibilidade de horários e de local de trabalho, e ainda uma empresa da qual sintam fazer parte. Reter talento é, por isso, um desafio cada vez mais interessante e complexo para as empresas”, adianta.

Os resultados do Workmonitor da Randstad baseiam-se em entrevistas a mais de 26.000 pessoas com idades entre os 18 e 67 anos, conduzidas em 35 países da Europa, Ásia-Pacífico e Américas, incluindo Portugal, entre 7 de outubro e 6 de novembro de 2024.

Tendências globais: sentimento de pertença e valores corporativos

A análise da Randstad aos dados revela que quando analisamos as tendências globais, o sentimento de pertença continua a ser vital para o bem-estar e a retenção de talento, com 55% dos inquiridos a admitir que deixariam o emprego, se não se sentissem parte da empresa, tal como a flexibilidade, com 47% dos trabalhadores a afirmar que não aceitariam um emprego sem flexibilidade no horário de trabalho, e 39% a valorizar a possibilidade de escolher o local onde trabalham, uma tendência mais forte entre as gerações mais jovens, Z e Millennials.

Já o alinhamento de valores entre trabalhadores e empresas ganha relevância crescente: 48% dos trabalhadores globalmente não aceitaria trabalhar para empresas cujos valores sociais ou ambientais não estejam alinhados com os seus, um aumento significativo face aos anos anteriores e uma tendência que destaca a importância da responsabilidade social corporativa para atrair talentos.

A formação em competências para o futuro é também essencial para retenção de talentos, com 41% dos trabalhadores a afirmar que deixariam um emprego sem oportunidades de formação e desenvolvimento, com destaque para a procura por competências tecnológicas, como a inteligência artificial (IA). A formação em IA é aliás a mais procurada globalmente, sendo mencionada por 40% dos inquiridos como prioridade.

A Randstad salienta que a edição deste ano permite ainda uma comparação entre quatro gerações que coexistem hoje no mercado de trabalho global. “Enquanto Gen Z e Millennials priorizam o bem-estar, a flexibilidade e valores alinhados com os seus princípios pessoais e sociais, as gerações mais velhas (Gen X e Baby Boomers) valorizam a estabilidade, a remuneração e a segurança no emprego, refletindo uma abordagem mais conservadora e orientada para a estabilidade a longo prazo”.

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