O futuro dos RH. Cinco previsões para 2025
Com o arranque de mais um ano, o panorama dos recursos humanos continua a evoluir, impulsionado por fatores como as novas tecnologias, a necessidade de desenvolvimento de competências na força de trabalho e as elevadas expectativas dos colaboradores. Embora não tenha uma bola de cristal, a minha experiência em RH no ecossistema tecnológico permite-me antecipar, […]
Com o arranque de mais um ano, o panorama dos recursos humanos continua a evoluir, impulsionado por fatores como as novas tecnologias, a necessidade de desenvolvimento de competências na força de trabalho e as elevadas expectativas dos colaboradores.
Embora não tenha uma bola de cristal, a minha experiência em RH no ecossistema tecnológico permite-me antecipar, por exemplo, que uma das tendências em crescimento é a transição para organizações baseadas em competências.
Esta abordagem permite que as empresas encontrem mais facilmente o talento certo e respondam às necessidades empresariais em constante mudança, uma vez que podem mapear e identificar quais as competências que são transferíveis e quais as que precisam de ser adquiridas.
Contudo, sinto que ainda não vimos casos sólidos de negócios que possam confirmar que esta é a forma correta de avançar. Espero que em 2025 possamos aprender com empresas mais maduras que estão a liderar o caminho com uma abordagem abrangente baseada em competências – desde a forma como contratam até à forma como avaliam, desenvolvem e promovem os seus colaboradores. Esta abordagem tem de ser vista e sentida no seio da cultura – e não apenas num documento de competências numa página interna.
Paralelamente, o modelo de trabalho híbrido ganhou força com a pandemia, e acredito que veio para ficar. No setor tecnológico, vejo cada vez menos empresas a optar por ambientes de trabalho totalmente presenciais, devido à resistência de colaboradores e candidatos que valorizam a flexibilidade. Em vez disso, estamos a assistir à criação de diferentes abordagens ao modelo híbrido: algumas empresas têm dias obrigatórios de presença no escritório, enquanto outras exigem apenas encontros em momentos chave do ano.
Depois, outra estratégia é promover uma cultura mais orientada pelo propósito, sugerindo trabalho presencial quando este traz impacto — como em atividades de team-building, reuniões individuais ou workshops. Encontrar o equilíbrio certo é um desafio, mas acredito que o futuro passa por criar uma fórmula única para cada organização, que combine flexibilidade com a capacidade de fortalecer o sentido de pertença e colaboração.
A automação e a Inteligência Artificial (IA) irão também continuar a moldar a forma como trabalhamos. Estas ferramentas podem ajudar a acelerar tarefas repetitivas e demoradas, como a elaboração de descrições de funções ou a documentação de processos. O desafio será garantir que esta automação não ofusque o elemento humano que torna a experiência das pessoas única, por exemplo, em áreas como o recrutamento, onde a inteligência humana e o toque pessoal continuam a ser essenciais.
No setor tecnológico, as competências em cibersegurança e compliance serão cada vez mais valorizadas, à medida que as empresas integram a IA nos seus processos. Na era da desinformação, o pensamento crítico é crucial. Não podemos confiar cegamente no que os algoritmos nos apresentam sem questionar a origem da informação. Na era da sobrecarga de informação, a capacidade de dar sentido aos dados é uma diferenciação humana. Como diz Adam Grant: “A abundância de informação requer reconhecimento de padrões. Não basta recolher factos. O futuro pertence a quem conecta os pontos.”. Assim, na era da IA, também o pensamento criativo é uma vantagem competitiva. A IA é excecional a gerar ideias e soluções com base em padrões existentes, mas o pensamento verdadeiramente original continua a ser exclusivamente humano.
Até 2026, a legislação obrigatória de transparência salarial da União Europeia pretende trazer maior equidade ao mercado de trabalho. Como se costuma dizer, nunca limpamos a casa tão bem como quando esperamos visitas. Assim, espero que mais empresas se antecipem a esta mudança e comecem a rever as suas estruturas salariais internas antes de terem de divulgar publicamente os intervalos salariais. Este processo deverá incluir a identificação de possíveis inconsistências no mercado e a eliminação de disparidades de género.
Finalmente, não podemos ignorar a evolução das expectativas dos colaboradores. Após anos de crescimento exponencial, o setor tecnológico tem sido afetado pelos recentes desafios económicos, combinados com o boom da IA, levando a repetidas ondas de despedimentos. O setor é conhecido por se mover rapidamente e em grande escala, mas pela primeira vez na minha carreira, reparei que muitos colaboradores procuram cada vez mais estabilidade. As empresas que se orgulham da rapidez com que cresceram já não são um argumento de venda para a maioria dos candidatos.
Ao entrarmos em 2025, estou otimista quanto ao facto de o mercado de trabalho se estar a mover e adaptar ao nosso mundo em constante mudança. Estas tendências mostram como as empresas têm a oportunidade de repensar estratégias, adotar abordagens inovadoras e colocar as pessoas no centro das decisões. O sucesso das organizações dependerá, assim, da capacidade de equilibrar tecnologia, flexibilidade e propósito, adaptando-se às expectativas de uma força de trabalho em constante evolução.
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