Justiça aceita denúncia e médica vira ré por dar falsos diagnósticos de câncer de pele no Paraná
Carolina Biscaia responde por estelionato, falsificação de documentos e lesão corporal. Defesa diz que comprovará "enorme injustiça que sofreu a cliente". Médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti, de Pato Branco Redes sociais A médica Carolina Fernandes Biscaia, de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, virou ré na Justiça por emitir laudos falsos de câncer de pele e realizar procedimentos desnecessários em pacientes. Ela foi denunciada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em outubro de 2023 por lesão corporal, estelionato, falsidade ideológica e por exercer atividade ou anunciar que a exerce sem os requisitos necessários. Carolina começou a ser investigada em março de 2024, quando pacientes suspeitaram de procedimentos cirúrgicos solicitados por ela. Pelo menos 31 pessoas formalizaram denúncia à Polícia Civil (PC-PR). Relembre abaixo. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp ✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram A denúncia foi aceita pela Justiça em 31 de janeiro, referente a casos narrados por 38 vítimas. Em sete casos, o juiz Eduardo Faoro não reconheceu parte dos crimes atribuídos à médica na denúncia do MP. "Em relação aos demais delitos narrados na denúncia, os elementos de cognição até então produzidos traduzem indícios das suas existências e das suas autorias pela acusada", diz trecho. A defesa de Carolina foi notificada na última segunda-feira (3) e tem prazo de 10 dias para responder. O g1 acionou a defesa da médica, que informou que "com o recebimento da denúncia pela vara criminal da comarca de Pato Branco, a Justiça começa a ser feita pois o magistrado rejeitou diversos crimes dos quais ela encontrava-se acusada", disse o advogado Valmor Antonio Weissheimer ao g1. O advogado disse ainda que a defesa comprovará "a enorme injustiça que sofreu a sua cliente". Mais sobre o caso: Relatos: vítimas gastaram mais de R$ 130 mil com a médica Trauma: Paciente que fez cirurgia desnecessária diz que 'maior cicatriz foi psicológica' O inquérito que levou à denúncia do MP O delegado Helder Lauria, responsável pela investigação que indiciou a médica em 21 de outubro de 2024, afirmou que a conclusão do inquérito expôs como a médica enganava os pacientes. Conforme o delegado, a investigação revelou que Biscaia agiu sozinha. "Todas as vítimas relataram uma forte pressão psicológica feita pela médica durante a consulta para que fossem realizados os procedimentos tão logo ali no consultório, logo depois que ela dava o diagnóstico", afirmou o delegado. Delegado fala sobre conclusão de inquérito contra médica que falsificava laudos falsos p Conforme o delegado, as investigações identificaram que a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas poderiam ser cancerígenas. Ela, então, fazia retirada de material e encaminhava para laboratório. De acordo com a polícia, na reconsulta, ela apresentava ao paciente um laudo falso com diagnóstico de câncer de pele. Segundo o delegado, a perícia em exames que estavam no consultório, bem como entregues pela médica à pacientes mostrou que a falsificação era feita com máquina de xerox, no próprio consultório. Além disso, a investigação apurou que documentos falsos eram colocados sobre os verdadeiros e, com a ajuda do equipamento, eram criadas novas versões de laudos. Leia também: Tragédia: Acidente grave entre três carretas deixa mulher morta e homem gravemente ferido no Paraná 'Não conseguiu absorver água': Araucária 'isolada' no meio de avenida do PR seca e morre 11 anos após região ser asfaltada Assista: Policial militar dá rasteira e chutes em duas mulheres durante ocorrência por perturbação de sossego no PR Médica foi impedida de exercer a profissão Registro da profissional no Conselho Federal de Medicina CRM Em março de 2024, o Conselho Regional de Medicina de Paraná (CRM-PR) puniu a médica com a chamada "censura pública" por anunciar ter especialidades que não possui. Desde maio, uma Interdição Cautelar Total de 180 dias determinada pelo CRM-PR e aprovada pelo Conselho Federal de Medicina impede a médica de exercer a profissão. Em consulta ao site do conselho, através dos números de registro profissional da médica no Paraná e em São Paulo, não são encontradas especialidades atribuídas à Biscaia. Nas redes sociais, a médica afirmava ser dermatologista. O g1 questionou o CRM se a médica continua impedida de exercer a profissão e aguarda retorno. Áudio revela médica comemorando retirada de falso melanoma Médica suspeita de emitir laudos falsos de câncer de pele comemora retirada de melanoma Um áudio obtido com exclusividade pelo g1 Paraná em março de 2024, e que consta no inquérito encaminhado à Justiça, mostra o momento em que a médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti comemorou a retirada de um falso melanoma - tipo de câncer de pele mais agressivo - de uma paciente. A conversa foi gravada pela vítima em janeiro de 2024. Ouça o áudio acima. "Não sei se você é católica ou não, mas passa na igreja agradece a Deus, tem coisas assim que a gente
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Carolina Biscaia responde por estelionato, falsificação de documentos e lesão corporal. Defesa diz que comprovará "enorme injustiça que sofreu a cliente". Médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti, de Pato Branco Redes sociais A médica Carolina Fernandes Biscaia, de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, virou ré na Justiça por emitir laudos falsos de câncer de pele e realizar procedimentos desnecessários em pacientes. Ela foi denunciada pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) em outubro de 2023 por lesão corporal, estelionato, falsidade ideológica e por exercer atividade ou anunciar que a exerce sem os requisitos necessários. Carolina começou a ser investigada em março de 2024, quando pacientes suspeitaram de procedimentos cirúrgicos solicitados por ela. Pelo menos 31 pessoas formalizaram denúncia à Polícia Civil (PC-PR). Relembre abaixo. ✅ Siga o canal do g1 PR no WhatsApp ✅ Siga o canal do g1 PR no Telegram A denúncia foi aceita pela Justiça em 31 de janeiro, referente a casos narrados por 38 vítimas. Em sete casos, o juiz Eduardo Faoro não reconheceu parte dos crimes atribuídos à médica na denúncia do MP. "Em relação aos demais delitos narrados na denúncia, os elementos de cognição até então produzidos traduzem indícios das suas existências e das suas autorias pela acusada", diz trecho. A defesa de Carolina foi notificada na última segunda-feira (3) e tem prazo de 10 dias para responder. O g1 acionou a defesa da médica, que informou que "com o recebimento da denúncia pela vara criminal da comarca de Pato Branco, a Justiça começa a ser feita pois o magistrado rejeitou diversos crimes dos quais ela encontrava-se acusada", disse o advogado Valmor Antonio Weissheimer ao g1. O advogado disse ainda que a defesa comprovará "a enorme injustiça que sofreu a sua cliente". Mais sobre o caso: Relatos: vítimas gastaram mais de R$ 130 mil com a médica Trauma: Paciente que fez cirurgia desnecessária diz que 'maior cicatriz foi psicológica' O inquérito que levou à denúncia do MP O delegado Helder Lauria, responsável pela investigação que indiciou a médica em 21 de outubro de 2024, afirmou que a conclusão do inquérito expôs como a médica enganava os pacientes. Conforme o delegado, a investigação revelou que Biscaia agiu sozinha. "Todas as vítimas relataram uma forte pressão psicológica feita pela médica durante a consulta para que fossem realizados os procedimentos tão logo ali no consultório, logo depois que ela dava o diagnóstico", afirmou o delegado. Delegado fala sobre conclusão de inquérito contra médica que falsificava laudos falsos p Conforme o delegado, as investigações identificaram que a médica examinava pintas e manchas dos pacientes e afirmava que algumas poderiam ser cancerígenas. Ela, então, fazia retirada de material e encaminhava para laboratório. De acordo com a polícia, na reconsulta, ela apresentava ao paciente um laudo falso com diagnóstico de câncer de pele. Segundo o delegado, a perícia em exames que estavam no consultório, bem como entregues pela médica à pacientes mostrou que a falsificação era feita com máquina de xerox, no próprio consultório. Além disso, a investigação apurou que documentos falsos eram colocados sobre os verdadeiros e, com a ajuda do equipamento, eram criadas novas versões de laudos. Leia também: Tragédia: Acidente grave entre três carretas deixa mulher morta e homem gravemente ferido no Paraná 'Não conseguiu absorver água': Araucária 'isolada' no meio de avenida do PR seca e morre 11 anos após região ser asfaltada Assista: Policial militar dá rasteira e chutes em duas mulheres durante ocorrência por perturbação de sossego no PR Médica foi impedida de exercer a profissão Registro da profissional no Conselho Federal de Medicina CRM Em março de 2024, o Conselho Regional de Medicina de Paraná (CRM-PR) puniu a médica com a chamada "censura pública" por anunciar ter especialidades que não possui. Desde maio, uma Interdição Cautelar Total de 180 dias determinada pelo CRM-PR e aprovada pelo Conselho Federal de Medicina impede a médica de exercer a profissão. Em consulta ao site do conselho, através dos números de registro profissional da médica no Paraná e em São Paulo, não são encontradas especialidades atribuídas à Biscaia. Nas redes sociais, a médica afirmava ser dermatologista. O g1 questionou o CRM se a médica continua impedida de exercer a profissão e aguarda retorno. Áudio revela médica comemorando retirada de falso melanoma Médica suspeita de emitir laudos falsos de câncer de pele comemora retirada de melanoma Um áudio obtido com exclusividade pelo g1 Paraná em março de 2024, e que consta no inquérito encaminhado à Justiça, mostra o momento em que a médica Carolina Fernandes Biscaia Carminatti comemorou a retirada de um falso melanoma - tipo de câncer de pele mais agressivo - de uma paciente. A conversa foi gravada pela vítima em janeiro de 2024. Ouça o áudio acima. "Não sei se você é católica ou não, mas passa na igreja agradece a Deus, tem coisas assim que a gente tem que agradecer, sabe? Tem que agradecer, porque, como eu disse, a chance de pegar assim (melanoma), nesse estágio de que a gente só amplia a margem e está curada, é uma dádiva [...]. Não precisa se preocupar com metástase", afirmou a médica. No início da investigação, o delegado explicou que o áudio da consulta "ajuda a comprovar o alegado pela vítima, pois confirma as palavras ditas pela médica". À polícia, vítima contou que fez a gravação por precaução, pensando em repassar o material aos familiares, uma vez que ela teve melanoma em 2013 e este se tornou um tópico de preocupação. A vítima contou que descobriu o falso diagnóstico após encontrar inconsistências no laudo apresentado por Carolina, comparando com o documento retirado por ela diretamente no laboratório. Depois da descoberta, a gravação passou a ser prova para investigação. A pedido da médica, ela passou pelo procedimento chamado de ampliação de margens. No caso dela, a falsa doença foi identificada na perna esquerda. A vítima gastou mais de R$ 5 mil e leva uma cicatriz desnecessária na perna. Mulher passou por retirada de possível material cancerígeno após apresentação de falso laudo médico Arquivo pessoal Relembre o caso: Perícia conclui que médica usou laudos adulterados para dar falsos diagnósticos de câncer de pele no Paraná, diz polícia Ouça trecho a trecho de consulta em que médica suspeita de usar falsos laudos de câncer realiza cirurgia desnecessária em paciente Médica é punida com censura pública pelo CRM por anunciar especialidade que não possui; ela também é investigada por emitir laudos falsos Médica é punida com censura pública pelo CRM por anunciar especialidade que não possui Médica suspeita de emitir laudos falsos de câncer de pele no Paraná está impedida de exercer profissão por 180 dias, decide CRM VÍDEOS: Mais assistidos g1 PR Leia mais notícias da região em g1 Oeste e Sudoeste.