Há um mundo cheio de vida nas profundezas da Terra

A vida floresce a quilômetros abaixo da superfície Terra, com uma grande diversidade de organismos adaptados ao ambiente O post Há um mundo cheio de vida nas profundezas da Terra apareceu primeiro em Olhar Digital.

Jan 28, 2025 - 18:32
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Há um mundo cheio de vida nas profundezas da Terra

Nos anos 1990, cientistas fizeram uma descoberta surpreendente que transformou nossa compreensão sobre a vida na Terra: micróbios podem viver a quilômetros de profundidade no subsolo, sem luz solar

Estima-se que até 80% das células microbianas do planeta estejam localizadas nas camadas subterrâneas. Para explorar essa realidade, pesquisadores do Laboratório de Biologia Marinha (MBL) de Woods Hole, em Massachusetts, EUA, criaram um atlas global da diversidade microbiana encontrada nas profundezas da Terra.

O estudo envolveu a análise de mais de mil amostras genéticas de micróbios, incluindo bactérias e arqueias (um tipo de vida antes considerado parte das bactérias), coletadas de 50 ecossistemas ao redor do mundo, tanto em ambientes marinhos quanto terrestres.

Um vulcão de lama no fundo do mar onde fluidos ricos em metano do subsolo são emitidos para a coluna d’água. Esses ecossistemas estão na interface entre os reinos subterrâneo e superficial e muitas vezes são oásis de vida no oceano profundo. Crédito: Mandy Joye/UGA

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Micróbios receberam “código de barras” genético

Após oito anos de pesquisa, os cientistas identificaram 31 mil tipos únicos de arqueias e 377 mil tipos de bactérias. Esses micróbios foram catalogados com “códigos de barras” genéticos chamados ASVs (sigla para !variantes de sequência ampla”), que ajudam a identificar e classificar as diferentes comunidades microbianas no subsolo.

Publicadas na revista Science Advances, as descobertas mostram que os micróbios subterrâneos são muito mais diversos do que se imaginava, apesar de viverem em ambientes extremos e sem recursos visíveis. Em um comunicado, o microbiólogo Emil Ruff, principal autor do estudo, explica que se acreditava que a vida abaixo da superfície da Terra seria limitada, já que a energia diminui com a profundidade. No entanto, o estudo revelou que, em alguns ambientes subterrâneos, a diversidade de micróbios é tão rica quanto em ecossistemas mais expostos à luz, como florestas tropicais e recifes de corais.

Além disso, os cientistas observaram uma grande diferença entre os micróbios encontrados no mar e os da terra. “Há uma separação clara entre as formas de vida nos reinos marinho e terrestre, que também é observada no subsolo”, disse Ruff. Isso ocorre porque as condições ambientais no mar e na terra são muito diferentes, levando à seleção de organismos distintos que têm dificuldade em viver em ambos os ambientes.

Flange hidrotérmico de descarga. Semelhante aos vulcões de lama, esses ecossistemas hidrotermais também são muito diversos e alimentados por fluidos do subsolo, mas, em contraste, os fluidos são quentes. Crédito: Schmidt Ocean Sciences

Sem luz solar, os micróbios subterrâneos não podem realizar fotossíntese, como os organismos da superfície. Em vez disso, eles dependem de fontes alternativas de energia. Alguns obtêm energia do decaimento radioativo das rochas, enquanto outros usam reações químicas por meio da quimiossíntese, um processo que gera nutrientes sem depender da luz. 

Biodiversidade no subsolo do planeta pode ajudar a identificar vida extraterrestre

A escassez de recursos também faz com que a vida nesses ambientes seja muito mais lenta. Alguns micróbios podem se dividir uma vez a cada mil anos, o que significa que suas escalas de tempo de vida são bem diferentes das observadas na superfície.

Essas descobertas, além de aumentar o conhecimento sobre a vida na Terra, também abrem novas possibilidades para a existência de vida em outros planetas. Se micróbios podem viver em condições tão extremas no subsolo da Terra, isso sugere que ambientes subterrâneos em outros planetas, como Marte, e as luas Europa (de Júpiter) ou Encélado (de Saturno), também podem abrigar formas de vida, mesmo nas condições difíceis da superfície desses corpos celestes.

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