Dispositivo usa IA para desligar caixas de som

Neste final de semana, um vídeo viralizou nas redes sociais mostrando um turista argentino desligando uma caixa de som bluetooth com um controle remoto em uma praia brasileira. O viral despertou o interesse do público brasileiro em saber como adquirir um aparelho desse. Afinal, quem n...

Jan 14, 2025 - 14:44
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Dispositivo usa IA para desligar caixas de som

Neste final de semana, um vídeo viralizou nas redes sociais mostrando um turista argentino desligando uma caixa de som bluetooth com um controle remoto em uma praia brasileira.

O viral despertou o interesse do público brasileiro em saber como adquirir um aparelho desse. Afinal, quem nunca se incomodou com aquele som alto ao lado na praia?

O “destruidor de curtição alheia” foi criado pelo argentino Roni Bandini e denominado Reggaeton Be Gone, inspirado na máxima “nada se cria, tudo se copia” do TV Be Gone, original de 2004.

O TV Be Gone, criado como um controle remoto universal para desligar qualquer televisor, foi inventado pelo hacker alemão Mitch Altman. Ele funciona basicamente com um LED infravermelho e um circuito integrado contendo um banco de dados com códigos de energia de televisores.

O Reggaeton Be Gone é uma versão 2.0, aperfeiçoada por Bandini com o uso de inteligência artificial, Linux e machine learning, integrada ao mesmo padrão de circuito eletrônico do protótipo alemão. Porém, neste formato, ele desliga caixas de som.

Bandini baixou várias músicas do estilo reggaeton, converteu-as para mono, alterou a resolução para 16 kHz, fez um split de quatro segundos, utilizou um bloco de processamento MFE e um algoritmo de classificação, treinou a máquina com o estilo de som e exportou o modelo com uma extensão .eim para Linux em um processador ARM.

Embora pareça complicado, o argentino disponibilizou o código aberto e um tutorial em sua página no Medium. Além disso, passou a oferecer workshops e conferências sobre o assunto, sempre com lotação esgotada, ensinando e personalizando o dispositivo para outros estilos musicais.

Bandini também otimizou sua criação para uma versão mais compacta e portátil, chamada Pocket Gone, que possui antena direcional, alimentação por cabo USB, luz de alerta e um mecanismo que, segundo ele, evita interferências em Wi-Fi, câmeras e drones.

Um pouco dessa preocupação com interferências deve-se ao fato de sua criação ser considerada um jammer, ou seja, um dispositivo projetado para interferir em sinais de comunicação sem fio, como redes Wi-Fi, GPS ou Bluetooth.

Em vários países, bloqueadores como esse são ilegais. No Brasil, dispositivos semelhantes, chamados de capetinhas, são usados para roubar carros e cargas, dificultando o trabalho das autoridades e impedindo que o sinal dos veículos chegue aos satélites e às empresas de segurança.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), através do projeto de lei nº 7.925, de 2014, fiscaliza a venda ilegal de jammers em parceria com órgãos como a Receita Federal e a Polícia Rodoviária Federal.

Já para Bandini, ilegal mesmo é ouvir reggaeton às 9h da manhã, o que o motivou a criar o aparelho, ou atrapalhar a paz alheia em locais públicos, como as praias brasileiras.

No Brasil, existe a Lei do Silêncio, que proíbe a perturbação do sossego público com sons excessivos, vibrações e ruídos. A lei também estabelece zonas de silêncio, como os arredores de hospitais, escolas e bibliotecas públicas.

Nas praias, em algumas cidades, é proibido o uso de caixas de som sob pena de multa e apreensão. Em cidades do litoral paulista, como São Vicente e Praia Grande, a proibição se aplica a qualquer aparelho sonoro. Estima-se que mais de 23 cidades em 10 estados brasileiros vetaram o uso desses aparelhos.

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