Da Nike à Levi’s: Como é que as gigantes “made in USA” podem ser afetadas pelas políticas de Trump
Em termos económicos, o recém-empossado presidente confirmou a intenção de impor tarifas de 25% sobre os produtos do Canadá e México já a partir do dia 1 de fevereiro. Mas o que é que isto implica?
Donald Trump tomou posse no dia 20 de janeiro e não perdeu tempo. Em menos de 48 horas, o novo presidente retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o Clima, assinou uma ordem executiva para os EUA saírem da Organização Mundial da Saúde (onde eram o principal doador e parceiro), assinou um decreto a perdoar as cerca de 1500 de pessoas condenadas pelo ataque de 6 de janeiro de 2021 ao Capitólio, convocou Vladimir Putin com o intuito de conseguir um acordo de paz com a Ucrânia, entre outras medidas, umas mais polémicas que outras.
Em termos económicos, o recém-empossado presidente confirmou a intenção de impor tarifas de 25% sobre os produtos do Canadá e México já a partir do dia 1 de fevereiro. Mas o que é que isto implica?
Por enquanto, a China não é abrangida pelas medidas protecionistas do presidente dos EUA, mas no caso do México e Canadá, estas medidas têm impacto direto no abastecimento dos grandes ícones da moda do país, como é o caso da Nike e da Levi’s.
De acordo com os dados da Administração de Comércio Internacional dos Estados Unidos, o México é o sétimo país individual (excluindo as importações de áreas como a Associação de Nações do Sudeste Asiático [ASEAN] ou a OCDE) de onde os EUA mais importam em volume de têxteis e vestuário.
Entre janeiro e novembro de 2024, os EUA importaram têxteis e vestuário no valor de 99.125 milhões de dólares, com a China (24.058 milhões), Vietname (15.010 milhões), Índia (8.848 milhões), Bangladesh (6.922 milhões), Indonésia (4.453 milhões), Camboja (4.272 milhões) e México (3.805 milhões) a serem os principais fornecedores.
No caso do Canadá, as importações de têxteis e vestuário dos EUA fixaram-se em mil milhões de dólares entre janeiro e novembro, em comparação com 1.057 milhões de dólares no mesmo período de 2023.
Ou seja, a aplicação de medidas protecionistas nas importações do Canadá e do México será um golpe direto para os gigantes americanos da indústria da moda que verão os seus fornecimentos afetados.
Para o grupo americano Levi’s, o México é um dos dez maiores mercados tendo em conta o número de fornecedores com quem trabalha. De acordo com a lista de fornecedores da empresa, a empresa de denim trabalha atualmente com 25 fábricas no México, que representam 4,4% do total de fornecedores com quem trabalha no mundo.
A maior parte das fábricas com as quais o grupo trabalha no México são dedicadas ao corte e costura. Já no que diz respeito à Nike, o peso do México na base total de fornecedores é menor. O grupo de equipamentos desportivos tem oito fábricas no mercado mexicano, que representam pouco mais de 1% do total de fornecedores da empresa.
Dos 648 fornecedores com os quais a Nike trabalha em todo o mundo, pouco mais de 24% estão localizados no Vietname e quase 24% estão na China. As restantes têm um peso muito menor, com 8% para a Indonésia, 4% para a Tailândia e outros 4% para o Sri Lanka.
A Levi’s e a Nike também possuem uma base de fornecedores nos Estados Unidos. O grupo de equipamentos desportivos trabalha com 26 fábricas no seu país de origem, o que representa 4% do total, enquanto a empresa de denim opera com quinze fábricas nos EUA, o que equivale a 2,7% do total.
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